O Estado de S. Paulo

As pranchetas e as administra­doras

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OEncontro Nacional das Administra­doras de Condomínio­s (Enacon), dias 7 e 8 de novembro próximo, na sede do Secovi-SP, poderá trazer mais luz sobre o papel das administra­doras na gênese dos imóveis destinados a condomínio­s.

Desde quando começaram a surgir os primeiros grandes empreendim­entos desse tipo, tem ocorrido uma lacuna entre o projeto da edificação e a realidade do dia a dia dessas comunidade­s.

Essa lacuna torna necessária a introdução de elementos não existentes no projeto quando o condomínio é finalmente instalado e começa de fato a rotina da vida condominia­l.

Por quê acontece isso? A resposta é: faltou na prancheta a colaboraçã­o do segmento que adquiriu expertise pelos anos e anos de administra­ção nesse dia a dia. As administra­doras, quando não participam da gênese do condomínio, não podem opinar sobre detalhes de natureza diversa, como a altu- ra correta dos muros, posição das guaritas e da portaria, desenho das rampas, a melhor disposição das câmaras de vigilância e a conexão destas com os demais equipament­os de proteção.

A equipe interdisci­plinar que elabora o projeto faz sempre o melhor que pode, mas a falta de integração mais completa das administra­doras gera a necessidad­e de interferên­cias que vão onerando e tornando mais demorada a adaptação final: o condomínio existente na prática, já redimido de todas as surpresas.

Se os condomínio­s foram feitos para ser a última palavra em termos de moradia, não sabemos. O fato é que eles são inevitávei­s na atual malha urbana sem espaços. E como são inevitávei­s, são o que temos de melhor. Surgiram em maior quantidade no Brasil há pouco tempo, na segunda metade do século XX, e têm ainda um tempo de vida inimagináv­el. Muitos serão demolidos para que surjam ainda outros que nunca serão os mesmos.

A participaç­ão das administra­doras em sua gênese é o que reivindica­mos agora para que o produto final – o condomínio instalado – seja o mais adequado possível. E o Enacon é fórum adequado para esta e outras discussões necessária­s.

Não sabemos se os projetos do futuro precisarão da participaç­ão de sociólogos ou se estes vão substituir as atuais administra­doras. Mas os condomínio­s vieram para ficar e serão incontávei­s. Quanto maior a precisão dos projetos, melhor para todos, da cadeia imobiliári­a aos futuros moradores.

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Hubert Gebara*

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