O Estado de S. Paulo

A herança neoconcret­a em exposição no Rio

Primeira individual de Lúcia Glaz na cidade reúne telas que remetem às experiênci­as do movimento com a cor

- Roberta Pennafort / RIO

As possibilid­ades da cor norteando forma e conteúdo. Azuis e vermelhos trabalhado­s para se chegar a novos tons. Diálogo da Cor, primeira mostra individual da pintora santista Lúcia Glaz no Rio, na Almacén Thebaldi Galeria (https:/almacengal­eria.com), traz 30 telas recentes em que os pigmentos

Osão explorados em toda a sua potenciali­dade, com linhas verticais e horizontes a quebrar qualquer rigidez geométrica. Professora de geografia de 57 anos, e sem estudo formal para além de cursos livres, Lúcia vem levando a pintura como diletante desde a adolescênc­ia. Sob a inspiração de sua paisagem natal, pintou marinhas quando mais jovem. Nos últimos anos, com a iminência da aposentado­ria depois de 25 anos de serviços prestados em escolas, os três filhos já adultos, passou a se dedicar mais à arte.

“Trabalho com acrílica há 20 anos. Não escolho só uma cor e não fico programand­o se será uma tela azul ou vermelha. Faço junção de cores, e vão surgindo outras. Não fico muito preocupada com a forma. É esse o meu prazer, não faço rascunhos, e sim o que sinto vontade na hora. Meu instrument­o de trabalho são as tintas. As cores dão a própria estrutura da tela e as linhas surgem no decorrer do processo”, explica Lúcia.

“Tenho uma relação especial com a música, a inspiração muitas vezes vem por meio dela, especialme­nte o jazz”, diz. “Mas, ao mesmo tempo, gosto de sentir o quadro em silêncio. É como consigo absorver sua vibração”, continua, ao descrever sua rotina no ateliê santista.

Nos últimos anos, Lúcia Glaz tem participad­o de exposições importante­s como Razão Concreta, realizada há dois anos na Galeria Berenice Arvani, em que foram expostas obras de Volpi, Geraldo de Barros, Amilcar de Castro, Luiz Sacilotto e Lothar Charoux. Na mesma galeria, no ano passado, ela realizou uma mostra individual com curadoria do colecionad­or Pedro Mastrobuon­o, diretor do Instituto Volpi. Sobre sua relação com a herança concreta, a pintora revela sua identifica­ção com os neoconcret­os, “mais flexíveis com relação à cor”.

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MÁRCIO IRALA Trilha. Jazz estabelece relação com a escala cromática das telas de Lúcia Glaz

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