O Estado de S. Paulo

Em debate final, Bolsonaro e Haddad viram alvo de ataques

Candidato do PSL não compareceu, alegando recomendaç­ão médica; petista foi questionad­o sobre corrupção

- Pedro Venceslau Ricardo Galhardo ENVIADOS ESPECIAIS / RIO Roberta Pennafort

No último debate entre os presidenci­áveis antes da votação em primeiro turno, promovido pela Rede Globo, o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, líder nas pesquisas de intenção de voto, foi alvo de críticas contundent­es dos participan­tes por ter se ausentado do encontro, alegando recomendaç­ão médica. O petista Fernando Haddad, segundo colocado nas sondagens eleitorais, foi constantem­ente confrontad­o pelas denúncias de corrupção durante as

gestões de seu partido no Planalto. Mais uma vez, os candidatos que ocupam posições intermediá­rias nas pesquisas, como Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB), tentaram se colocar como alternativ­a à polarizaçã­o entre os líderes. Ciro disse que há risco de um novo impeachmen­t em caso de vitória do candidato do PT ou do PSL. Além das críticas pela ausência, Bolsonaro foi tratado pelos adversário­s como um risco à democracia. Haddad também foi questionad­o sobre a crise econômica deixada pelas gestões petistas.

No último debate entre os presidenci­áveis antes da votação em primeiro turno, promovido pela TV Globo, o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, líder nas pesquisas de intenção de voto, foi alvo de críticas contundent­es dos participan­tes por ter se ausentado do encontro. No estúdio da emissora, o petista Fernando Haddad, que está em segundo lugar nas sondagens eleitorais, foi constantem­ente confrontad­o pelas denúncias de corrupção durante as gestões de seu partido no Palácio do Planalto.

Mais uma vez, os candidatos que ocupam posições intermediá­rias nas pesquisas tentaram se colocar como alternativ­as à polarizaçã­o entre Bolsonaro e Haddad. Na pesquisa Datafolha divulgada ontem, o candidato do PSL soma 35% das intenções de voto, ante 22% do presidenci­ável do PT (mais informaçõe­s na pág. A12).

A ausência de Bolsonaro, que alegou recomendaç­ões médicas para não ir ao debate, mas concedeu uma longa entrevista à TV Record (mais informaçõe­s na pág. A8), foi questionad­a pela maioria dos participan­tes.

Os candidatos que estão no segundo pelotão nas pesquisas também tentaram reforçar a versão de que os líderes representa­m os extremos do espectro político. Bolsonaro, além das críticas pela ausência, foi tratado como um risco à democracia. Além do tema corrupção, Haddad precisou responder sobre a crise econômica gerada após os governos petistas.

Logo no início, Ciro Gomes (PDT) repetiu a dobradinha com Marina Silva (Rede) e falou sobre o risco de um novo impeachmen­t em caso de vitória do candidato do PT ou do PSL. “Não acredito que, a permanecer essa polarizaçã­o, se tenha possibilid­ade de governar o Brasil. Alguns votando por medo do Bolsonaro, outros do Haddad ou porque tem raiva de um ou de outro”, disse a ex-ministra.

Marina foi aplaudida pela plateia quando afirmou que Bolsonaro “amarelou”. Em outro momento, a candidata da Rede cobrou diretament­e Haddad uma autocrític­a em relação aos escândalos nas gestões do PT.

“É lamentável que você não reconheça nenhum dos erros (do PT). Você tem a oportunida­de de olhar para o povo brasileiro e reconhecer os erros, e você não faz”, disse Marina. “Eu sei o que foram os 12 anos do governo do PT. Eu vivo de salário. Sou professor universitá­rio. Eu tenho ética, tenho história, tenho vida pública sem nenhum reparo”, respondeu o petista.

Geraldo Alckmin (PSDB), Henrique Meirelles (MDB) e Alvaro Dias (Podemos) também alertaram sobre a possibilid­ade de vitória de um dos extremos. Estagnado nas pesquisas, o tucano apelou ao antipetism­o e mirou em Bolsonaro. “O PT terceiriza a responsabi­lidade. Nem o PT, nem Bolsonaro vão tirar o País da crise”, disse.

Ditadura. Haddad e Guilherme Boulos (PSOL) se uniram na narrativa de que Bolsonaro coloca em risco o ambiente democrátic­o. “Faz 30 anos que esse País saiu de uma ditadura, mas acho que a gente nunca esteve tão perto como nesse momento. Ditadura nunca mais”, afirmou Boulos. Ao responder, Haddad disse que “sem democracia não há direitos” tentando explorar propostas polêmicas feitas pela campanha do PSL na área econômica.

No terceiro bloco, Ciro e Meirelles fizeram uma dobradinha para criticar o fato de Bolsonaro não ter ido ao debate. Meirelles também comparou Bolsonaro ao ex-presidente Fernando Collor e criticou o conceito de salvador da pátria.

Haddad foi tratado pelos adversário­s como o outro extremo da polarizaçã­o. Alvaro Dias usou de ironia para lembrar que o ex-prefeito de São Paulo é o substituto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso pela Lava Jato. “Trouxe uma pergunta escrita no papel para você levar para o verdadeiro candidato PT lá em Curitiba”, provocou.

O petista e Alckmin travaram um embate direto sobre a responsabi­lidade pela crise econômica. O tucano responsabi­lizou a presidente cassada Dilma Rousseff. Haddad defendeu Dilma culpando as pautas bomba aprovadas no Congresso com apoio do PSDB pela desestabil­ização da economia. Ambos também tentaram empurrar um para o outro a responsabi­lidade pelo governo Michel Temer.

Enquanto os candidatos debatiam na Globo, Jair Bolsonaro (PSL) falava na concorrent­e Record. Segundo dados preliminar­es de audiência, a entrevista do líder das intenções de voto, exibida no Jornal da Record, ficou na casa dos 12 pontos, enquanto o debate registrava 24 pontos no mesmo horário. Cada ponto de audiência representa cerca de 246 mil domicílios.

 ?? WILTON JUNIOR/ESTADÃO ?? Estúdio. Candidatos participam na TV Globo de último debate presidenci­al antes do primeiro turno das eleições, domingo
WILTON JUNIOR/ESTADÃO Estúdio. Candidatos participam na TV Globo de último debate presidenci­al antes do primeiro turno das eleições, domingo
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil