O Estado de S. Paulo

Serviço secreto da Rússia é acusado de ciberataqu­es

Guerra na rede. Denúncias feitas em reunião de ministros da Defesa de países da Otan condena tentativas de hackers russos de invadir agências internacio­nais e partidos políticos; Moscou nega e diz que acusações são parte de uma ‘espionagem­ania’ do Ocident

- Andrei Netto CORRESPOND­ENTE / PARIS

EUA, Canadá, Reino Unido e Holanda acusaram o serviço secreto da Rússia de executar ciberataqu­es globais. Entre os alvos estariam a Organizaçã­o para a Proibição de Armas Químicas, o Partido Democrata e a Agência Esportiva Antidoping. Em reunião de ministros da Defesa de países da Otan, a Holanda revelou provas da atuação de agentes em seu território. A Rússia negou as acusações.

EUA, Canadá, Reino Unido e Holanda acusaram ontem a Direção-Geral de Inteligênc­ia (GRU), serviço secreto da Rússia, de executar ciberataqu­es em várias partes do mundo nos últimos anos. Entre os alvos estariam a Organizaçã­o para a Proibição de Armas Químicas (Opaq), o Partido Democrata e a Agência Esportiva Antidoping.

A denúncia foi feita em sequência, e não por um comunicado conjunto, durante a reunião de ministros de Defesa dos países da Otan, em Bruxelas, na Bélgica. O encontro foi organizado para debater a cibersegur­ança.

O primeiro alerta foi lançado pelo Reino Unido, que vive um momento de tensão diplomátic­a com a Rússia em razão de dois casos de envenename­nto que teriam sido planejados por Moscou. Jeremy Hunt, ministro britânico das Relações Exteriores, acusou a GRU e o governo de Vladimir Putin de agir “fora da lei” em ataques “que afetaram cidadãos em vários países”.

A acusação mais grave veio da Holanda, que revelou provas da atuação de agentes em seu território. De acordo com as autoridade­s, uma tentativa de ciberataqu­e foi descoberta em 13 de abril contra a Opaq. Quatro homens estariam ligados a uma operação frustrada que usaria equipament­os apreendido­s no porta-malas de um Citroën C3, estacionad­o perto da sede da organizaçã­o, em Haia.

Alexei Morenets, Evgeni Serebriako­v, Oleg Sotnikov e Alexei Minin, todos munidos de passaporte­s diplomátic­os, foram monitorado­s por dois dias e acabaram presos um dia depois de a Opaq divulgar relatório sobre o agente neurotóxic­o utilizado no atentado contra o ex-espião Serguei Skripal, no Reino Unido.

Segundo o porta-voz do serviço secreto holandês, os quatro fazem parte de uma unidade russa que invadiu os servidores do Partido Democrata, nos EUA, prejudican­do a campanha de Hillary Clinton, em 2016. “O governo holandês julga extremamen­te inquietant­e a implicação desses agentes de inteligênc­ia”, afirmou o ministério das Relações Exteriores, que classifico­u o ataque como “ato de agressão”.

Horas mais tarde, EUA e Canadá também acusaram o GRU de ciberataqu­es. Os canadenses disseram que os russos tentaram invadir o sistema da Agência Mundia Antidoping para sujar a imagem de atletas de outros países. “A Rússia deve cessar seu comportame­nto irresponsá­vel, incluindo o uso da força contra seus vizinhos, as tentativas de intromissã­o em eleições e as campanhas de desinforma­ção em massa”, disse Jens Stoltenber­g, secretário-geral da Otan.

Em nota, a chancelari­a russa rejeitou as denúncias. “A ‘espionagem­ania’ está ganhando impulso”, declarou a porta-voz Maria Zakharova. “As acusações da Europa são parte de uma rica imaginação. Elas misturam tudo no mesmo frasco, como se fossem um coquetel diabólico.”

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BART MAAT / ANP / AFP Suspeitos. Chefe da inteligênc­ia militar da Holanda fala sobre hackers russos durante reunião sobre cibersegur­ança em Haia

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