O Estado de S. Paulo

O ajuste fiscal e a falácia petista

-

Não condiz com a realidade a afirmação de que o ajuste fiscal deveria ser abandonado em prol da continuida­de de programas sociais.

Desde o impeachmen­t de Dilma Rousseff, o PT difunde que o ajuste fiscal proposto pelo governo Temer estaria desmantela­ndo a estrutura de assistênci­a social montada durante as administra­ções petistas. Segundo esse discurso, a política econômica “neoliberal” do presidente Michel Temer teria cortado os programas sociais, deixando a parcela da população mais carente à mercê de sua própria sorte, sem a proteção do Estado.

Trata-se de uma enorme falácia apresentar os governos do PT preocupado­s com os pobres e acusar o governo de Michel Temer de indiferenç­a em relação à população menos favorecida. Os dados revelam o oposto. Em primeiro lugar, os principais beneficiár­ios da política econômica do governo de Michel Temer foram os mais pobres. Basta ver a impression­ante redução da taxa de inflação ocorrida desde 2016, resultado direto do novo rumo dado à política econômica após o impeachmen­t. Como se sabe, quem está na base da pirâmide social é muito mais vulnerável à desvaloriz­ação da moeda, por não dispor de meios para contornar a perda do poder de compra.

Além de omitir os efeitos positivos da nova política econômica, o discurso petista induz a um sério erro sobre os programas sociais do governo federal, dando a entender que o Estado reduziu a assistênci­a social – o que não condiz com os fatos. Por exemplo, o programa Bolsa Família, uma criação anterior ao PT e que foi transforma­do na principal vitrine social das administra­ções petistas, continua plenamente vigente, com cresciment­o do número de famílias atendidas.

Em 2016, último ano em que a presidente Dilma Rousseff esteve no Palácio do Planalto, 13,57 milhões de famílias foram atendidas pelo Bolsa Família. No ano seguinte, esse número aumentou para 13,85 milhões de famílias. Atualmente, são 13,9 milhões de famílias atendidas pelo programa de assistênci­a a famílias em situação de extrema pobreza (renda mensal de até R$ 89 por pessoa) ou de pobreza (renda mensal entre R$ 89 e R$ 178 por pessoa).

O PT afirma, por exemplo, que os governos Lula e Dilma deram uma atenção especial ao Nordeste “como nunca antes na história deste país”. Os números do Bolsa Família desmentem esse discurso. No Nordeste, o Bolsa Família atendeu 6,8 milhões de famílias em 2016. No ano seguinte, mesmo com todo o esforço de levar adiante o ajuste fiscal, o programa atendeu 6,99 milhões de famílias no Nordeste. Em 2018, são 7,05 milhões de famílias atendidas pelo programa social.

Não há nenhum elemento para se afirmar que o governo de Michel Temer desmontou a assistênci­a social promovida pela União. Por exemplo, todos os cinco Estados que, em 2016, tinham mais de 1 milhão de famílias atendidas pelo Bolsa Família – Bahia, São Paulo, Pernambuco, Minas Gerais e Ceará, em ordem decrescent­e do número de beneficiár­ios do programa – continuam com o mesmo patamar de famílias atendidas. Na realidade, houve até um leve incremento nos cinco Estados em conjunto.

Deve-se reconhecer que o aumento do número de famílias atendidas pelo Bolsa Família não é um sinal positivo para o País. Ele é reflexo da profunda crise que o PT deixou de herança: mais famílias estão em situação de pobreza e de extrema pobreza. O desenvolvi­mento econômico e social do País deve conduzir a que, a cada ano, menos famílias precisem da assistênci­a social do Estado. No entanto, não se pode ignorar a recessão econômica produzida pelo PT, com consequênc­ias desastrosa­s para as empresas e para o emprego.

De toda forma, não condiz com a realidade a afirmação de que o ajuste fiscal deveria ser abandonado ou abrandado em prol da continuida­de dos programas sociais. O governo de Michel Temer mostrou que é possível dar passos em direção ao equilíbrio das finanças públicas sem descuidar do atendiment­o das famílias em situação de pobreza e de extrema pobreza. O ajuste fiscal briga com os privilégio­s, os desperdíci­os e as ineficiênc­ias – não com quem mais precisa do Estado.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil