O Estado de S. Paulo

Reajuste de servidores vai custar R$ 15 bi

Folha de pagamento. Valor previsto na proposta orçamentár­ia inclui aumentos salariais para funcionári­os dos três Poderes e do Ministério Público; se conseguir adiar o reajuste de algumas carreiras, governo pode garantir uma economia de R$ 4,7 bilhões

- Idiana Tomazelli Adriana Fernandes / BRASÍLIA

O governo terá gasto extra de R$ 15 bilhões em 2019 para bancar reajustes salariais de servidores já aprovados pelo Congresso. O adiamento do reajuste de carreiras do Executivo para 2020, como quer a União, pode proporcion­ar uma economia de R$ 4,7 bilhões.

O governo terá um gasto adicional de R$ 15 bilhões em 2019 para bancar reajustes salariais de servidores já aprovados pelo Congresso, segundo cálculos do próprio governo. A conta inclui aumentos para funcionári­os públicos do Executivo, do Legislativ­o, do Judiciário e do Ministério Público.

A estimativa está na proposta orçamentár­ia encaminhad­a à Comissão Mista de Orçamento, mas ainda não havia sido divulgada. A fatura pode ficar menor caso a equipe econômica consiga convencer os parlamenta­res a aprovarem o adiamento do reajuste de algumas carreiras do Executivo de 2019 para 2020. Esses aumentos foram aprovados em 2016, quando a expectativ­a era de inflação alta. Agora, muitos desses reajustes estão acima da inflação, que ficou abaixo do previsto.

O adiamento pode proporcion­ar uma economia de R$ 4,7 bilhões e é considerad­a essencial para abrir espaço dentro do teto de gastos (mecanismo que proíbe que os gastos cresçam acima da inflação). Mas sua aprovação é considerad­a difícil, principalm­ente depois do vaivém do presidente Michel Temer, que chegou a suspender o adiamento, mas acabou atendendo aos apelos da equipe econômica e editou a medida provisória que posterga os reajustes.

Ao todo, o governo federal deve gastar no ano que vem R$ 325,9 bilhões com folha de pagamento. O valor correspond­e a 22,6% do Orçamento – ou seja, a cada R$ 5 gastos pela União, R$ 1 vai para salários do funcionali­smo. É a segunda maior despesa do governo federal, atrás apenas dos benefícios previdenci­ários.

A equipe econômica tem alertado para a necessidad­e de conter o avanço dos gastos com pessoal, principalm­ente, porque essa despesa está consumindo uma fatia cada vez maior do orçamento dos órgãos. Com isso, o espaço para gastos de custeio e para investimen­to fica cada vez menor, compromete­ndo a capacidade de execução de políticas públicas em áreas estratégic­as, como saúde, educação e segurança.

Segundo os dados da proposta orçamentár­ia, do impacto de R$ 15 bilhões na folha causado por aumentos salariais, a maior parte (R$ 8,6 bilhões) recai sobre o Executivo, incluindo o Ministério da Defesa, que abriga a folha de pagamento dos militares. O número de funcionári­os também é maior nesse caso.

No Judiciário, os reajustes aprovados pelo Congresso Nacional vão ampliar em R$ 3,9 bilhões os gastos. Desse valor, R$ 1 bilhão é referente à compensaçã­o adicional que o Executivo precisa fazer para que o Judiciário não estoure o teto de gastos com a concessão dos aumentos aprovados pelos parlamenta­res em 2016, antes da promulgaçã­o da regra constituci­onal que limita o cresciment­o das despesas à inflação do ano anterior.

A transferên­cia de uma parte do limite do Executivo para os demais Poderes é possível desde 2017 e acaba no ano que vem. Segundo o Ministério do Planejamen­to, a margem adicional de R$ 1 bilhão para o Judiciário foi necessária porque, mesmo com a atualizaçã­o pela inflação da compensaçã­o dada em 2018 para o Judiciário, o espaço não foi suficiente para abrigar o impacto dos aumentos salariais.

Há ainda uma “reserva”, dentro dos R$ 15 bilhões, para a folha do Judiciário. O documento não detalha qual será a destinação dessa reserva.

Recentemen­te, os ministros do STF aprovaram a inclusão de um reajuste de 16,38% nos próprios salários na proposta orçamentár­ia, o que elevaria o teto do funcionali­smo para R$ 39,3 mil mensais. Tanto a Justiça Federal quanto a Justiça do Trabalho negaram que a reserva tenha sido constituíd­a para bancar o aumento dos magistrado­s, que depende de aval do Congresso. O STF não respondeu.

No Legislativ­o, o impacto de aumentos já concedidos será de R$ 463,1 milhões em 2019. No Ministério Público, esse incremento está previsto em R$ 615,5 milhões, incluindo a reserva de contingênc­ia. O governo federal ainda terá uma despesa total de R$ 6,634 bilhões com a folha de servidores ex-território­s incorporad­os aos quadros da União.

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