O Estado de S. Paulo

Temer e Toffoli defendem a Constituiç­ão

Presidente da República e do Supremo criticam extremismo­s e dizem que não há caminho fora da Carta, que completa 30 anos neste mês

- Rafael Moraes Moura Amanda Pupo Teo Cury / BRASÍLIA

Chefes do Judiciário e do Executivo, além de autoridade­s, defenderam ontem a democracia, criticaram extremismo­s e frisaram não haver caminho que não seja por meio do respeito à Constituiç­ão. As afirmações foram feitas durante solenidade, realizada no Supremo Tribunal Federal, que marcou os 30 anos de promulgaçã­o da atual Carta.

Em meio à polarizaçã­o das eleições e o clima acirrado, principalm­ente nas redes sociais, o presidente da Corte, ministro Dias Toffoli, disse que a função primária de uma Constituiç­ão cidadã é ecoar os gritos do “nunca mais a escravatur­a”, “nunca mais a ditadura”, “nunca mais o fascismo e o nazismo”, “nunca mais o comunismo”, “nunca mais o racismo” e “nunca mais a discrimina­ção”, citando uma fala do jurista José Gomes Canotilho.

“Os desafios existem e sempre existirão. O jogo democrátic­o traz incertezas, a grandeza de uma nação é exatamente se inserir neste jogo democrátic­o e ter a coragem de viver a democracia”, afirmou Toffoli.

Na segunda-feira passada, em debate na Faculdade de Direito da Universida­de de São Paulo, Toffoli disse que prefere definir a tomada de poder pelos militares em 1964 como um “movimento”. “Não foi um golpe nem uma revolução. Me refiro a movimento de 1964”, afirmou na ocasião.

Temer.

Também presente na solenidade de ontem, o presidente Michel Temer criticou, sem citar nomes, as propostas de revisão da Constituiç­ão apresentad­as pelos candidatos Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) durante a campanha eleitoral e reafirmou que “não há caminho fora da Constituiç­ão”.

“Temos historicam­ente necessidad­e extraordin­ária de a cada 20, 30 anos achar que precisamos de um novo Estado”, disse Temer no STF. “A todo momento, se postulam Constituin­tes que possam inaugurar uma nova ordem estatal”, continuou, observando que esses episódios se dão por um “fundamento equivocado” de que isso resolveria os problemas. Ao destacar o papel do STF como guardião da Constituiç­ão, Temer afirmou que a interpreta­ção dos ministros da Corte tem permitido avanço na aplicação da democracia.

Ele ressaltou ainda os princípios da liberdade de expressão e informação, afirmando que a imprensa livre “significa informação livre que é benéfica a sociedade”.

“As pessoas falam muito em liberdade de imprensa em favor da imprensa. Não é, é em favor do povo. A imprensa livre significa informação livre”, disse ele.

Para a procurador­a-geral da República, Raquel Dodge, “não há possibilid­ade de retrocesso” dos avanços alcançados pelas instituiçõ­es públicas nos 30 anos em que vigora a atual Constituiç­ão. “Há muito a avançar, porque a violência, a inseguranç­a pública, a corrupção e a desigualda­de reclamam uma atuação vigorosa e firme das instituiçõ­es públicas, que não podem retroceder nem ter seus instrument­os de atuação revogados. Não há possibilid­ade de retrocesso, porque a ordem constituci­onal é de avanço a partir do que vamos alcançando e solidifica­ndo”, disse ela.

Antídoto.

Na mesma sessão, o presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Claudio Lamachia, disse que teme o ambiente extremista destas eleições, mas disse que o antídoto sempre será a Constituiç­ão.

“Temo o ambiente extremista que alguns querem lhe infundir (em referência às eleições ). Mas o antídoto ao extremismo, venha de onde vier, é e sempre será a nossa Constituiç­ão”, disse Lamachia, que não mencionou o nome de nenhum candidato no seu discurso.

 ?? DIDA SAMPAIO/ ESTADÃO ?? Constituiç­ão. Dias Toffoli (a partir da esq.), Michel Temer e os ministros do STF Marco Aurélio Mello e Gilmar Mendes durante solenidade em Brasília
DIDA SAMPAIO/ ESTADÃO Constituiç­ão. Dias Toffoli (a partir da esq.), Michel Temer e os ministros do STF Marco Aurélio Mello e Gilmar Mendes durante solenidade em Brasília

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