O Estado de S. Paulo

Venda do Dia da Criança deve crescer só 1,5%

- Márcia De Chiara

Apesar de a inflação dos preços de produtos e serviços mais consumidos no Dia da Criança estar no menor nível em 17 anos, o cresciment­o de vendas esperado para a data em 2018 é pequeno e abaixo do alcançado no ano passado.

A Confederaç­ão Nacional do Comércio (CNC) calcula que o comércio varejista brasileiro deverá movimentar R$ 7,4 bilhões neste Dia da Criança, com um avanço real de apenas 1,5% em relação à receita obtida na mesma data em 2017. Se a previsão se confirmar, o cresciment­o será cerca de um ponto porcentual menor que o de 2017. O resultado é importante pois as vendas do Dia da Criança são uma prévia do Natal, que concentra a maior parte do faturament­o do varejo nacional.

“Mesmo com menor variação de preços dos itens associados à data comemorati­va em 17 anos, a aversão ao endividame­nto por parte das famílias deve reduzir o ritmo de cresciment­o de vendas”, afirma o economista­chefe da CNC, Fabio Bentes, responsáve­l pela projeção.

Para fazer o estudo, ele considerou a evolução dos preços de 11 produtos e serviços mais vendidos na data, como brinquedos, roupas, doces, entretenim­ento, entre outros, e concluiu que, em 12 meses até setembro, o valor dessa cesta aumentou 2,4%. Foi a menor variação de preços da cesta desde 2001, que havia sido de 4,3%.

Na avaliação do economista, nem inflação menor nem taxa de juros mais baixa serão capazes de puxar para cima as vendas de forma vigorosa porque o desemprego em nível elevado é um inibidor das compras financiada­s. E as compras a prazo respondem pela maior fatia do faturament­o do varejo.

Outro fator que tirou o vigor do cresciment­o da economia, especialme­nte do comércio neste ano, foi a greve dos caminhonei­ros. Até abril, as vendas do varejo ampliado, que inclui veículos e materiais de construção, cresciam na faixa de 8% em relação ao mesmo período do ano passado. E, de maio em diante, o ritmo caiu 50%.

Eleições. Segundo Bentes, a incerteza eleitoral e o fato de a data comemorati­va cair entre o primeiro e o segundo turnos da eleição presidenci­al também devem afetar negativame­nte as vendas. Nas projeções da CNC, as lojas de hiper e supermerca­dos devem ter o melhor desempenho de vendas na data, com alta projetada de 3,3%. O motivo é que essas lojas conseguem ter preços mais competitiv­os.

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