O Estado de S. Paulo

Estudo propõe mudar regras do FGTS

É possível reduzir o valor da contribuiç­ão das empresas e ampliar a distribuiç­ão de lucros do Fundo aos trabalhado­res, diz órgão do Senado

- Adriana Fernandes / BRASÍLIA

Estudo da Instituiçã­o Fiscal Independen­te (IFI) do Senado Federal aponta que há espaço no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para redução do recolhimen­to das contribuiç­ões pelas empresas e aumento da distribuiç­ão do lucro do Fundo para os trabalhado­res.

Além de formar poupança remunerada para o trabalhado­r, o Fundo também oferece crédito favorecido para habitação popular, saneamento e infraestru­tura urbana.

Numa ampla radiografi­a das contas do FGTS, a IFI avalia no estudo, que será divulgado hoje, que a tendência para os próximos anos é de resultados positivos e elevação do patrimônio líquido, o que abre oportunida­de para “algum tipo” de ajuste nas regras do Fundo.

Pela legislação atual, metade do lucro do FGTS é revertida anualmente para o saldo das contas vinculadas dos trabalhado­res. Este é o segundo ano de vigência da medida, que elevou em mais 1,6% a rentabilid­ade do Fundo, fixada em TR (Taxa de Referência) mais 3% ao ano. A principal crítica dos cotistas é a baixa remuneraçã­o do Fundo.

Uma das opções sugeridas é subir para 100% a distribuiç­ão do lucro. Outra alternativ­a seria a redução do custo das empresas, vinculada a uma contribuiç­ão extra de 10% sobre o saldo da conta do trabalhado­r demitido sem justa causa.

O Fundo tem R$ 496 bilhões em ativos e R$ 392,5 bilhões de passivos, que são as obrigações com os trabalhado­res. Se as atividades do FGTS fossem encerradas de imediato e os ativos utilizados para quitar suas obrigações, ainda assim sobrariam R$ 104,4 bilhões de patrimônio.

Contribuiç­ão. O FGTS recebe contribuiç­ão compulsóri­a recolhida das empresas de 8% sobre o salário dos trabalhado­res contratado­s de acordo com a Consolidaç­ão das Leis do Trabalho (CLT). O dinheiro recolhido pelas empresas é dos trabalhado­res e fica depositado nas chamadas contas vinculadas, uma para cada contrato de trabalho.

Para Josué Alfredo Pellegrini, da IFI, autor do estudo, não faz sentido o FGTS ter um patrimônio crescente. “Ou distribui ou reduz a contribuiç­ão”, diz o economista.

Segundo ele, não parece ser economicam­ente razoável perseguir como objetivo o contínuo aumento do patrimônio líquido. A redução dos encargos poderia ajudar no aumento do emprego. Há também a alternativ­a

de aumentar descontos concedidos nas operações de crédito, como as destinadas para o programa Minha Casa Minha Vida.

Em 2017, as deduções chegaram a R$ 8,56 bilhões. “É desejável, entretanto, que descontos desse tipo sejam discutidos e aprovados durante a tramitação do Orçamento da União”, afirma o analista da IFI.

Durante a campanha presidenci­al têm surgido propostas diversas para o FGTS. Entre elas, a substituiç­ão da TR pela Taxa de Longo Prazo (TLP) como indexador de correção monetária (campanha do PSDB) e também o uso mais intenso do Fundo para estimular setores de grande geração de emprego (campanha do PDT).

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DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO-22/7/2010 Mecanismo. Hoje, metade do lucro do FGTS é revertida para as contas dos trabalhado­res

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