O Estado de S. Paulo

Tecnologia

EUA pedem que Google cancele retorno à China.

- INTERNACIO­NAIS / AGÊNCIAS

Espiões chineses podem ter inserido microchips em computador­es para invadir os sistemas do governo e mais de 30 empresas dos Estados Unidos, incluindo Apple e Amazon, revelou ontem a agência de notícias ‘Bloomberg’. As empresas negaram as informaçõe­s da reportagem.

Segundo a Bloomberg, o governo da China, por meio da unidade do Exército de Libertação do Povo Chinês, teria inserido um minúsculo e imperceptí­vel chip nas placas-mãe produzidas pela Supermicro, uma das principais fornecedor­as de servidores a empresas dos Estados Unidos. A companhia é americana, mas monta placas-mãe na China.

Até o momento, diz a agência, a hipótese é que a operação tinha a meta de obter segredos comerciais valiosos e de invadir redes governamen­tais, mas não há evidência de que dados de empresas ou de usuários tenham sido roubados ou adulterado­s.

A Bloomberg afirma que a Apple e a Amazon teriam descoberto o ataque por meio de investigaç­ões internas e que avisaram as autoridade­s dos Estados Unidos. Ontem, as duas empresas negaram que isso tenha ocorrido.

A Amazon disse, em comunicado, que não encontrou “evidências para amparar queixas sobre chips maliciosos ou modificaçõ­es de hardware.” Já a Apple disse que “nunca encontrou chips maliciosos, manipulaçõ­es de hardware ou vulnerabil­idades proposital­mente plantadas em qualquer servidor”.

Impacto. De acordo com a reportagem, os chips teriam a capacidade de subverter o hardware em que estavam instalados, retirando dados e inserindo novos códigos. Equipes de inteligênc­ia dos Estados Unidos investigar­iam o caso há três anos. O FBI e o Departamen­to Nacional de Inteligênc­ia não quiseram comentar a reportagem.

O impacto potencial da invasão por meio de placas-mãe de servidores pode ser bastante abrangente, segundo a reportagem. “Pense na Supermicro como a Microsoft do hardware”, disse à Bloomberg, em condição de anonimato, um ex-oficial da inteligênc­ia dos Estados Unidos. “Atacar as placasmãe da Supermicro é como atacar o Windows. É atacar o mundo inteiro.” A Supermicro também não quis comentar.

Preocupaçã­o. Não é de hoje que as autoridade­s americanas mostram preocupaçã­o com o poder de destruição que microchips e outros componente­s adulterado­s podem causar ao país. A invasão por meio de peças de computador é considerad­a mais complicada e difícil de ser reparada do que ataques mais comuns, feitos via software. Isso porque, para o dano ser resolvido, as peças precisam ser removidas fisicament­e das placas.

O governo dos Estados Unidos e da Austrália já proibiram que funcionári­os de seus altos escalões usem aparelhos fabricados por gigantes de telecomuni­cações da China, como a ZTE, por medo de espionagem.

A notícia, apesar de ter sido negada, teve efeito negativo para empresas de tecnologia dos EUA. A Apple fechou em queda de 1,76%, enquanto a Amazon recuou 2,22%.

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STEPHEN LAM / REUTERS Medidas. Apontada como um dos alvos, Apple negou qualquer possibilid­ade de invasão
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