O Estado de S. Paulo

Petrobrás busca solução rápida para evitar parada de fábricas de fertilizan­te

Planos. Paralisaçã­o das unidades da Bahia e de Sergipe está marcada para o fim do mês, mas governo de SE afirma ter recebido garantia da estatal de que operações não serão suspensas e de que petroleira tenta repassar os ativos; estatal diz apenas que aind

- Fernanda Nunes / RIO

A Petrobrás tinha planejado abandonar definitiva­mente o negócio de fertilizan­tes no próximo dia 31, quando deveria paralisar as fábricas que mantém na Bahia e em Sergipe. O governo de Sergipe, no entanto, diz ter recebido a garantia da estatal de que as máquinas não serão desligadas neste mês, como previsto, e que a petroleira ainda tenta passar o ativo para outros investidor­es. Já o governo da Bahia espera que a estatal apresente uma solução em reunião marcada para a próxima segunda-feira.

Procurada, a petroleira informou, por nota, apenas que “o grupo de trabalho criado para encontrar alternativ­as à hibernação da Fábrica de Fertilizan­tes (Fafen) de Sergipe e Bahia, do qual participa ao lado de representa­ntes dos governos e das federações de indústria dos dois estados, prossegue avaliando outras opções para o empreendim­ento”.

O anúncio da paralisaçã­o foi feito em março deste ano, ainda na gestão do ex-presidente da estatal Pedro Parente. Na época, a empresa argumentou que as duas unidades geravam prejuízo e que não eram o foco da sua estratégia. Em 2017, a Fafen-BA apresentou resultado negativo de cerca de R$ 200 milhões e Fafen-SE, de cerca de R$ 600 milhões.

Primeiro, a petroleira marcou para o fim do primeiro semestre a hibernação das fábricas, com a parada da produção e adoção de medidas de conservaçã­o dos equipament­os. No entanto, passados apenas oito dias, em 28 de março, a direção divulgou novo comunicado informando que a suspensão seria adiada para 31 de outubro. Disse também que avaliava a criação de comissões para buscar alternativ­as à hibernação, desde que não significas­sem “prejuízos para a Petrobrás”.

Desde março, a petroleira tem sido alvo dos apelos dos governos estaduais e de sindicalis­tas. Eles tentam sensibiliz­ar a diretoria da empresa da importânci­a de manter a produção interna de fertilizan­tes nitrogenad­os num País cuja atividade econômica tem sido sustentada pelo setor agropecuár­io. Apelaram

também para o desemprego que a medida deve gerar. Ainda assim, por meses, “a diretoria da empresa se manteve insensível”, disse o secretário de Desenvolvi­mento de Sergipe, José Augusto Carvalho.

Mudança. Nos últimos dias, porém, a posição da estatal mudou, segundo o secretário. O governador de Sergipe, Belivaldo Chagas Silva (PSD), disse ter recebido do presidente da República, Michel Temer, a garantia de que a Fafen do seu Estado não vai parar. Há cerca de dez dias, o presidente da Petrobrás, Ivan Monteiro, recebeu representa­ntes do governo sergipano para uma conversa na sede da empresa, no Rio. E, na última terça-feira, o diretor responsáve­l pelas duas unidades produtivas, Jorge Celestino, esteve com secretário­s de Sergipe, pela manhã, e da Bahia, pela tarde, para tratar do assunto.

Presente a um dos encontros, Carvalho contou que Celestino reafirmou que as Fafens são negócios de pequena dimensão para a Petrobrás, mas que acha possível atrair interessad­os para os ativos. “Ele coloca a possibilid­ade de atrair um parceiro”, afirmou o secretário sergipano, acrescenta­ndo que uma das soluções avaliadas é a abertura do capital da unidades produtivas. Já o governo da Bahia disse que o diretor da Petrobrás pouco informou sobre os planos da companhia, mas marcou novo encontro para a próxima segunda-feira, 8, com a presença de representa­ntes da Federação das Indústrias da Bahia (Fieb).

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VIEIRA NETO / ESTADÃO - 20/8/2018 Prazo. Data para paralisaçã­o das unidades de fertilizan­tes está marcada para o dia 31

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