Com atividades paradas, Hydro Alunorte nega demissão em massa
Descoberta de despejo irregular de rejeitos causou punição à norueguesa, que tem 4,7 mil funcionários
A Hydro Alunorte, do grupo norueguês Norsk Hydro, negou ontem que avalia demissões em larga escala neste momento, após informar na véspera a paralisação completa de suas operações de produção de alumina no Pará, medida que atinge 4,7 mil funcionários.
A empresa já funcionava com metade da capacidade desde março, por determinação judicial e de autoridades, devido à descoberta de despejos ilegais de efluentes não tratados pela fábrica na floresta amazônica, já admitidos pela norueguesa. A empresa nega que os efluentes tenham causado danos ao meio ambiente.
No entanto, na quarta-feira, a empresa anunciou que seu único depósito de rejeitos licenciado (DRS1) estaria próximo de sua capacidade máxima e informou ao mercado que iria cessar as atividades. A empresa está impedida de operar com seu outro depósito de rejeitos DRS2, por não estar licenciada e também por embargos de autoridades para o trabalho.
Em nota, a Hydro afirmou que está trabalhando em colaboração com os sindicatos e fará o máximo para reduzir as consequências para os funcionários.
No entanto, reiterou que a decisão de suspender as atividades terá um impacto claro nos funcionários diretos e indiretos da Alunorte e da sua mina de bauxita de Paragominas.
“Como em março, as ações podem incluir férias coletivas, suspensões temporárias de contratos (empregados permanentes) e rescisão de contratados. A Alunorte e a Mineração Paragominas utilizam todos os recursos previstos em legislação”, disse a empresa. Do total de trabalhadores, cerca de 3 mil são empregados e terceirizados da Alunorte e 1,7 mil trabalham na mina de bauxita.
A empresa explicou ainda que as ações de suspensão das atividades da Alunorte e da Mineração Paragominas foram iniciadas na quarta-feira e que o procedimento para desligamento completo da Alunorte demora entre 30 e 60 dias. O retorno da operação da refinaria, explicou a Alunorte, irá demandar entre 60 e 90 dias.
Procurado, o Ministério Público do Trabalho para os Estados do Pará e Amapá afirmou, em nota, que vem acompanhando a situação referente aos trabalhadores da Hydro. “No momento, existe inquérito civil instaurado no órgão voltado a acompanhar as demandas trabalhistas decorrentes da interrupção das atividades da empresa”, afirmou. “O MPT notificou a empresa para uma reunião semana que vem, a fim de tratar sobre como a interrupção das atividades afetará os trabalhadores.”