O Estado de S. Paulo

A receita de negócios do casal Rueda

À frente dos restaurant­es Casa do Porco e Bar Dona Onça, Janaína e Jefferson Rueda preparam seu quinto estabeleci­mento no centro de SP

- Letícia Ginak

Hoje, é fácil se deparar com bares modernos e restaurant­es de cozinha autoral nas redondezas da Praça da República, região central da capital paulista. O Centro, porém, sempre foi mais conhecido como reduto dos clássicos ‘Bar e Lanches’, com clientela de trabalhado­res da madrugada e boêmios. E foi justamente nesse cenário, em 2008, que Janaína e Jefferson Rueda abriram o primeiro restaurant­e no local, o Bar da Dona Onça. Após 10 anos, o casal Rueda já soma quatro negócios com previsão de abertura do quinto, uma padaria, para o primeiro semestre de 2019. Neste Dia do Empreended­or, Janaína revela a receita do sucesso do casal: “Nos antecipamo­s, estamos à frente”.

A abertura do Bar da Dona Onça deu o pontapé para o direcionam­ento dos futuros negócios. Com 24 anos de carreira como chef, Jefferson vem do mercado de luxo e já comandou restaurant­es em que o menu-degustação custava R$ 500. No primogênit­o Dona Onça, o tíquete médio é de R$ 73 durante a semana. Na Casa do Porco, inaugurada em 2015, não é possível fazer reserva e o menu-degustação custa R$ 100. O Hot Pork vende cachorro-quente com salsicha e pão feitos na casa a R$ 15 e a Sorveteria do Centro serve casquinhas pelo valor de R$ 8. Os dois últimos são apenas ‘portinhas’, sem local para sentar.

“Por que o cliente tem de chegar e já ser servido no ar-condiciona­do? Não pode pegar fila? Essa é uma forma de fazer as pessoas interagire­m com o Centro”, diz Janaína. Jefferson completa dizendo que há uma janela na Casa do Porco que serve sanduíche de pernil caipira o dia todo a R$ 15. “A janela abre mais cedo para atender o público que passa a caminho do metrô. Não quero expulsar ninguém do bairro, quero agregar. Esse é o caminho, a população pode comer melhor e não pagar tão caro.”

Para quem pensa que a escolha do Centro foi uma decisão baseada em pesquisas de mercado, se engana. Janaína é nascida e criada na região. “Vivi a minha vida inteira aqui. Acho errado agora as pessoas quererem empreender só no Centro e esquecer onde nasceram. Não tenho medo de concorrênc­ia, até me incentiva. Mas eu acho um erro”, afirma assertiva. E completa: “Podemos ter um chef bom em cada bairro. São Paulo é enorme”.

O faturament­o das casas não é revelado. “Muitas pessoas quando conhecem esse valor querem abrir negócios aqui sem ter afinidade com a região. Por isso, não falamos mais”, esclarece Janaína.

A chef acredita que hoje a economia criativa é a via mais atual para empreender. “Já dominou o mercado lá fora há anos. Ela tem foco no local, em fazer as coisas no seu entorno. Mas nós ainda estamos atrasados nesse

Identidade.

• sentido.”

Sobre o setor de alimentaçã­o, Janaína diz que os funcionári­os são o principal ingredient­e para prosperar. “É impraticáv­el ter um negócio hoje e não pensar no lado humano. As empresas só vão sobreviver se melhorarem o RH, porque senão todo mundo vai querer ser dono. O funcionári­o deve estar feliz e ganhar bem. A lucrativid­ade pode baixar, mas o empresário não pode ser mesquinho.”

“A economia criativa já dominou o mercado e tem foco no desenvolvi­mento local. Aqui, estamos atrasados nesse sentido” Janaína Rueda

CHEF E EMPREENDED­ORA

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ROBERTO SEBA/ESTADÃO Objetivo. Casal Rueda busca interação entre bairro, cliente e comida
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