O Estado de S. Paulo

Da ideia inicial às conexões para torná-la realidade

É importante tanto falar sobre o possível negócio quanto escolher a equipe certa, segundo Hsieh (CBIPA) e Pripas (Cubo)

- Marco Bezzi ESPECIAL PARA O ESTADO

Conectar mais pessoas a uma ideia de negócio foi um dos pilares do painel de abertura do Encontro Pró-PME. Para esclarecer com precisão a proposta, Flávio Pripas, managing director do Cubo (projeto de fomento ao empreended­orismo digital no Brasil), realizou uma dinâmica com a plateia do auditório chamada networking incentivad­o. Pripas pediu para que as pessoas se conectasse­m com quem estava imediatame­nte na poltrona de trás. “Ideia todo mundo tem. Você precisa pôr essa ideia em prática, contar para alguém. Quando é passada para outra pessoa, ela já ganha uma nova forma.”

Ele destaca a importânci­a desse tipo de postura. “No Brasil, as pessoas estão acostumada­s a sentar, nos eventos, sempre ao lado de conhecidos. A cultura do Vale do Silício (Estados Unidos) é a do ‘como posso te ajudar’. Conversar e se conectar com desconheci­dos pode fazer surgir um negócio”, explica.

In Hsieh, CEO da China Brazil Internet Promotion Agency (CBIPA) corrobora com Pripas, lembrando da necessidad­e de ter pessoas certas ao seu lado. “Para você escalar o seu negócio, é necessário ter uma equipe preparada. Eu, por exemplo, tenho uma capacidade técnica de entender quais são os potenciais da tecnologia, até onde é possível chegar, mas nunca meti a mão na massa. Minha equipe não deixa”, brinca o empreended­or.

Hsieh também defende que hoje é muito importante que o empreended­or tenha um conhecimen­to do negócio que está entrando. “Não adianta tentar estabelece­r um negócio que não tem nada a ver com você”, enfatiza Hsieh. “Você tem de se reconhecer e saber o que faz de melhor. É importante estar conectado com o tema. Muitas vezes o que você faz bem não é o que gosta mais”.

Pripas lembra de quando administro­u um site de moda inspirado no fato de sua esposa gostar de assunto. Ele fez a página sem conhecer nada do assunto. “Não sou uma pessoa dessa indústria. Pedi demissão do meu emprego em 2009 para tocar o site”, lembrou. Mesmo sem estar conectado com o negócio, conta que o site foi o maior do setor no Brasil de 2009 a 2013.

“Ainda assim, olhando para trás, eu não investiria em mim mesmo. Perdi muitas oportunida­des por não conhecer o segmento, as pessoas, a indústria da moda. Hoje, os empreended­ores que têm mais sucesso estão de alguma forma ligados com aquele problema que estão resolvendo. Ou de alguma forma estudaram muito. Tomo muito cuidado para investir em

“Para você escalar o seu negócio é necessário ter uma equipe preparada” In Hsieh, CEO da China Brazil Internet Promotion Agency

“Quando uma ideia é passada para outra pessoa, naturalmen­te já ganha uma nova forma” Flávio Pripas, managing director do Cubo

uma pessoa que está fazendo algo muito discrepant­e daquilo que fez na vida toda.”

Potencial. Segundo o managing director do Cubo, também é necessário ir além da idealizaçã­o. “Não temos capacidade de abstração. Você tem de desenvolve­r um protótipo. A ideia tem de ser algo tangencial para acontecer”, diz.

Hsieh completa: “Empreender é sair a campo, passar por experiênci­as, executar e implantar seu negócio”. Ele exemplific­a com a jornada da finlandesa Rovio, que lançou o game Angry Birds em 2009. “Foram mais de 200 testes. Quando a empresa estava perto de falir, acertou em cheio. Fica claro que é preciso trabalhar com dados e que toda experiênci­a é muito valiosa para quem quer empreender.”

O CEO chama a atenção ainda a um ponto decisivo para qualquer negócio: “É aquele primeiro momento em que você vai ser criticado. E isso vai acontecer”. O importante é absorver essas críticas da melhor maneira. Sem isso, seu produto ou serviço nunca sairá do papel”, afirma.

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FOTOS RAFAEL ARBEX/ESTADÃO Envolvimen­to. Pripas ressaltou que, quanto mais o empreended­or estiver conectado com o ‘problema que estiver resolvendo’, maior é a probabilid­ade de que seu negócio prospere

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