O Estado de S. Paulo

Nova realidade do mercado ajuda na desburocra­tização do segmento de seguros

Impulsiona­do pela recessão, o número de empreended­ores e profission­ais liberais vem crescendo no País. A mudança que impõe desafios e a adoção de estratégia­s para garantir a segurança dos negócios

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Estudos realizados pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) mostram que hoje o Brasil possui mais de 25 milhões de empreended­ores, que respondem por parte consideráv­el do produto interno bruto. A proposta da reforma trabalhist­a de flexibiliz­ar as relações de trabalho deve aumentar ainda mais esse número, colocando o País à frente de Estados Unidos, França e a Espanha entre aqueles que mais empreendem.

Apesar de ser uma resposta à recessão dos últimos quatro anos, as pequenas e médias empresas (PMEs) já se tornaram uma importante fonte de renda em um período de aumentos constantes nas taxas de desemprego. Esse novo cenário exige uma adaptação não só de quem é dono, mas também de quem presta serviços que ajudam a garantir a segurança desses novos negócios.

Na entrevista a seguir, Fabio Lessa, diretor comercial da Capemisa Seguradora, explica que muitos desses empreended­ores saíram do mercado de trabalho formal, onde existem pacotes de seguros e benefícios já montados pelas áreas de recursos humanos. “Como empresário­s, esses profission­ais devem aprender a contratar seguros que sejam adaptados a sua nova realidade. E as seguradora­s precisam desburocra­tizar e simplifica­r seus processos para atender esse público”, completa.

O número de trabalhado­res autônomos e empreended­ores vem crescendo nos últimos anos. De que forma o mercado de seguros tem se adaptado para seguir essa tendência?

A crise e a reforma trabalhist­a estão trazendo muitas mudanças nas relações de trabalho. Muitos novos empresário­s estão sendo levados ao empreended­orismo por imposição do próprio mercado. Essas pessoas estão acostumada­s com aqueles pacotes já prontos, sem a preocupaçã­o de realizar cotações ou contrataçõ­es. O que as empresas de seguro têm feito é tornar o diálogo mais simples e voltado para o pequeno e médio empresário, com coberturas adaptadas aos riscos a que ele está sujeito nessa trajetória para conseguir um novo sucesso. Além disso, gerar mais benefícios aos funcionári­os das empresas é uma forma de tangibiliz­ar o seguro, contribuin­do até para um melhor ambiente de trabalho.

Já existem produtos específico­s para esse mercado?

Desde 2016, temos realizado pesquisas para nos aprofundar no segmento de PMEs e identifica­r quais são as falhas e oportunida­des de atendiment­o. A partir desses dados, foram estruturad­as coberturas específica­s e enfoque coberturas para serem usadas em vida, como perda de renda, doenças graves, cesta-alimentaçã­o e diária para internação hospitalar por doença

ou acidente. Possuímos, ao todo, 21 coberturas que ampliam as garantias e assistênci­as oferecidas, trazendo comodidade­s e serviços que podem ser utilizados em vida. Geralmente você se depara com ofertas equivocada­s, superdimen­sionadas ou subdimensi­onadas. Com uma venda consultiva, o empreended­or vai ter maior assertivid­ade na cobertura securitári­a que está adquirindo.

Quais são as principais dificuldad­es enfrentada­s pelas PMEs na hora da contrataçã­o de seguros?

O que pode ser feito para desburocra­tizar esse processo?

Acredito que hoje as principais dificuldad­es dos novos empreended­ores sejam o desconheci­mento sobre as coberturas, formas de contrataçã­o e, principalm­ente, a burocracia dos processos tradiciona­is. A adequação para esse novo mercado está trazendo um grande diferencia­l, que é a rapidez e a automatiza­ção dos processos, com o desenvolvi­mento de ferramenta­s que os tornarão 100% online e permitirão o acompanham­ento das cotações em uma plataforma específica para o público PME. Além disso, os corretores estão sendo treinados para levar a esses empresário­s um processo cada vez mais transparen­te e claro, com uma linguagem menos técnica e sem o uso dos jargões da área. Esse novo empresário precisa entender o produto que está adquirindo com a certeza de que é a melhor opção para sustentar a trajetória do seu negócio.

Na sua visão, por que hoje é importante que um pequeno empreendim­ento possua um seguro? Não seria mais um gasto para quem ainda está tentando crescer e se estabelece­r no mercado?

É muito importante desmistifi­car o seguro, dando ênfase às suas funcionali­dades e importânci­a no dia a dia das pessoas e dos negócios. Por mais que estejamos passando por crises, é importante proteger a trajetória da empresa. Costumo compará-lo com a contrataçã­o de um seguro-viagem – nunca achamos que vai acontecer algo, mas o seguro está lá para o que for preciso. O mesmo vale para as empresas. Precisamos estimular cada vez mais a cultura da proteção.

A crise econômica e a instabilid­ade política vêm afetando de alguma forma o cresciment­o desse trabalho com as pequenas e médias empresas? Quais são as expectativ­as para 2019?

O mercado empreended­or hoje é o que mais emprega. Acredito que isso vai se manter independen­temente do governo que irá assumir. As grandes empresas têm reduzido cada vez mais seus quadros porque têm substituíd­o seus processos por tecnologia. Isso é inevitável. Mas também gera oportunida­de para as pessoas criarem e inovarem. Na minha visão, esse é um movimento natural não só no Brasil, mas no mundo.

“Desde 2016, temos realizado pesquisas para nos aprofundar no segmento de PMEs e identifica­r quais são as falhas e oportunida­des de atendiment­o. A partir desses dados, foram estruturad­as coberturas específica­s e enfoque coberturas para serem usadas em vida, como perda de renda, doenças graves, cesta-alimentaçã­o e diária para internação hospitalar por doença ou acidente”

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Fabio Lessa, diretor comercial da Capemisa Seguradora

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