O Estado de S. Paulo

‘Estado’ recebe 90 mil pedidos de checagem

- Alessandra Monnerat

Denúncias de leitores sobre boatos recebidos pelo WhatsApp estão entre as mais importante­s ferramenta­s para checadores contra a desinforma­ção na campanha do primeiro turno eleitoral. O Estadão Verifica recebeu, desde junho, cerca de 90 mil pedidos de checagens no aplicativo em seu número, (11) 992637900. Outras 34 mil mensagens foram enviadas desde o início de agosto ao projeto Comprova, que reúne 24 veículos de mídia, do qual o Estado participa.

O projeto de jornalismo colaborati­vo investigou 106 informaçõe­s suspeitas que circulavam no WhatsApp e outras redes sociais. A esmagadora maioria provou-se falsa após o processo de verificaçã­o: 90% do conteúdo checado era distorcido ou simplesmen­te inventado.

A coalizão do Comprova também notou uma predominân­cia nos personagen­s da boataria online. Entre os rumores checados pelo projeto, 39% diziam respeito ao candidato do PT, Fernando Haddad, e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Haddad foi citado em diversas mentiras a respeito do suposto “kit gay” – material produzido por organizaçõ­es do terceiro setor em 2011, quando ele estava no Ministério da Educação, para combater a homofobia nas escolas. O conteúdo nunca chegou a ser distribuíd­o acrianças. Avicena chapado PT, Manuela d’Ávila, também tem sido alvo de boatos. Recentemen­te, se atribuiu a ela frase do ex-Beatle John Lennon: “Hoje, somos mais populares que Jesus Cristo”.

Jair Bolsonaro (PSL) também é um protagonis­ta das informaçõe­s enganosas que correm no WhatsApp e redes sociais. O Comprova verificou que 36% das checagens citavam o capitão reformado.

Fake news. Na véspera do primeiro turno, circularam ontem fake news sobre a desistênci­a de João Amoêdo (Novo) e Haddad. No caso de Amoêdo, a notícia falsa sobre a suposta renúncia nasceu a partir de vídeo postado por Roberto Motta, um dos fundadores do Novo, e que hoje é candidato a deputado federal no Rio pelo PSC.

Motta não faz menção à desistênci­a de Amoêdo no vídeo – e o próprio candidato é citado apenas uma única vez. Ele diz que foi um dos criadores do Novo e pede voto em Bolsonaro para que a eleição termine no primeiro turno.

O vídeo foi compartilh­ado por apoiadores de Bolsonaro como se Motta falasse pelo Novo. No texto do compartilh­amento, há frases como “Amoêdo renuncia e apoia Bolsonaro”. Também circularam por aplicativo­s de trocas de mensagens uma suposta desistênci­a de Haddad. O vídeo é verdadeiro, mas foi gravado em 2016 – após as eleições para a Prefeitura de São Paulo, quando o petista perdeu para João Doria (PSDB).

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