‘Estado’ recebe 90 mil pedidos de checagem
Denúncias de leitores sobre boatos recebidos pelo WhatsApp estão entre as mais importantes ferramentas para checadores contra a desinformação na campanha do primeiro turno eleitoral. O Estadão Verifica recebeu, desde junho, cerca de 90 mil pedidos de checagens no aplicativo em seu número, (11) 992637900. Outras 34 mil mensagens foram enviadas desde o início de agosto ao projeto Comprova, que reúne 24 veículos de mídia, do qual o Estado participa.
O projeto de jornalismo colaborativo investigou 106 informações suspeitas que circulavam no WhatsApp e outras redes sociais. A esmagadora maioria provou-se falsa após o processo de verificação: 90% do conteúdo checado era distorcido ou simplesmente inventado.
A coalizão do Comprova também notou uma predominância nos personagens da boataria online. Entre os rumores checados pelo projeto, 39% diziam respeito ao candidato do PT, Fernando Haddad, e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Haddad foi citado em diversas mentiras a respeito do suposto “kit gay” – material produzido por organizações do terceiro setor em 2011, quando ele estava no Ministério da Educação, para combater a homofobia nas escolas. O conteúdo nunca chegou a ser distribuído acrianças. Avicena chapado PT, Manuela d’Ávila, também tem sido alvo de boatos. Recentemente, se atribuiu a ela frase do ex-Beatle John Lennon: “Hoje, somos mais populares que Jesus Cristo”.
Jair Bolsonaro (PSL) também é um protagonista das informações enganosas que correm no WhatsApp e redes sociais. O Comprova verificou que 36% das checagens citavam o capitão reformado.
Fake news. Na véspera do primeiro turno, circularam ontem fake news sobre a desistência de João Amoêdo (Novo) e Haddad. No caso de Amoêdo, a notícia falsa sobre a suposta renúncia nasceu a partir de vídeo postado por Roberto Motta, um dos fundadores do Novo, e que hoje é candidato a deputado federal no Rio pelo PSC.
Motta não faz menção à desistência de Amoêdo no vídeo – e o próprio candidato é citado apenas uma única vez. Ele diz que foi um dos criadores do Novo e pede voto em Bolsonaro para que a eleição termine no primeiro turno.
O vídeo foi compartilhado por apoiadores de Bolsonaro como se Motta falasse pelo Novo. No texto do compartilhamento, há frases como “Amoêdo renuncia e apoia Bolsonaro”. Também circularam por aplicativos de trocas de mensagens uma suposta desistência de Haddad. O vídeo é verdadeiro, mas foi gravado em 2016 – após as eleições para a Prefeitura de São Paulo, quando o petista perdeu para João Doria (PSDB).