Entrevista
Designers brasilienses, radicados em São Paulo, apresentam seu trabalho de forte
conteúdo gráfico e escultórico
Mariana Ramos e Ricardo Inneco já se conheciam em Brasília, mas só começaram a projetar juntos quando chegaram a São Paulo e descobriram que eram vizinhos. “Percebemos interesses comuns e demos início a nossa história”, lembra Inneco. Apenas anos depois, a dupla passou a trabalhar sob o título RAIN, junção dos sobrenomes Ramos e Innecco. “Acreditamos que os objetos atuam como agentes. Por isso buscamos explorá-los para além de sua função objetiva e reforçar sua presença espacial”, como eles afirmaram nesta entrevista ao Casa.
• Vocês nasceram e estudaram em Brasília. Como a vivência na cidade influenciou a visão de design da dupla?
Mariana Ramos: Brasília, sem dúvida, é uma fonte de inspiração permanente. Trata-se de uma cidade muito particular por ter um plano urbanístico modernista, assim como a maior parte de sua arquitetura. É cheia de espaços vazios, obras monumentais, muito verde, água, céu. É uma cidade-jardim. Ter crescido neste ambiente fez o modernismo ser para nós uma grande referência. Buscamos uma certa tranquilidade no nosso desenho, acredito
que isso seja uma herança de lá.
• Os produtos de vocês exibem um forte componente gráfico e escultural. Como compatibilizar estes elementos e funcionalidade?
M.R: Penso que eles derivam de geometrias simples e isso acentua essa característica. Além disso, eles têm uma profunda relação com o material do qual são feitos, o que colabora para o perfil escultórico. Buscamos entender bem o material antes de trabalhá-lo. Quando projetamos, avaliamos o peso, a forma, a escala de cada peça. Tudo para conseguirmos atingir uma presença marcante e silenciosa.
• Como é trabalhar na Barra Funda e como funciona o estúdio de vocês?
Ricardo Innecco: São Paulo é uma cidade efervescente na qual conseguimos iniciar e concluir todo nosso ciclo de trabalho. Aqui projetamos, produzimos, expomos e vendemos nossos produtos. A Barra Funda foi uma ótima escolha. Nos primeiros anos, muitos de nossos fornecedores eram nossos vizinhos. Só depois, buscamos fábricas mais estruturadas. Mas ainda hoje conseguimos fazer protótipos e comprar materiais no bairro.