O Estado de S. Paulo

No Rio, ex-juiz Witzel surpreende e lidera

Witzel (PSC) disparou após apoiar Bolsonaro e vai disputar o 2º turno com Paes (DEM)

- Roberta Pennafort / RIO

O primeiro turno para o governo do Rio teve um resultado inesperado, que as pesquisas não foram capazes de antecipar. O ex-juiz federal Wilson Witzel (PSC), que começou a campanha como um desconheci­do, mal pontuando nos levantamen­tos, alcançou 41,28% dos votos válidos após declarar apoio ao presidenci­ável Jair Bolsonaro (PSL). Já o ex-prefeito da capital Eduardo Paes (DEM), líder de todas as sondagens até a véspera, chegou em segundo lugar, com 19,56%.

Tarcísio Motta (PSOL) recebeu 10,72% dos votos e Romário (Podemos), 8,70%. A abstenção foi de 23,60%. Nulos somaram 12,72% e brancos, 5,70%. Os votos em Anthony Garotinho (PRP), que estava em segundo lugar nas pesquisas e teve a candidatur­a barrada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), não foram computados.

Witzel apresentou-se ao eleitor como um político não profission­al, mas com experiênci­a no combate à corrupção e à criminalid­ade. São dois temas centrais desta corrida ao Palácio Guanabara, por causa do escândalo de cobrança de propinas do ex-governador Sérgio Cabral Filho (MDB) – preso desde

novembro de 2016 e condenado a mais de 100 anos de prisão – e da situação caótica da segurança, com números recordes de homicídios, até mesmo os cometidos pela polícia.

Outsider. Com o slogan “mudando o Rio com juízo”, o exjuiz se beneficiou da condição de outsider, sem rejeição nem máculas na carreira. Ele tem 50 anos, é de Jundiaí (SP) e mora no Rio desde os 19 anos. Começou a campanha quase sem intenções de voto, chegou ao sexto lugar nas pesquisas duas semanas atrás, e na última sondagem, divulgada no sábado, alcançou o segundo lugar após declaração de voto em Bolsonaro.

No debate da TV Globo da última terça-feira, colocou-se não só como eleitor de Bolsonaro, mas seu “amigo pessoal”. “A minha ideologia sempre foi de direita. Não ia ser diferente na minha caminhada para governador.”

Em entrevista após o resultado, Witzel disse que está pronto para governar o Estado. “A população demonstrou que quer combater a inseguranç­a, a corrupção, quer mais saúde”, afirmou. “No segundo turno vamos ter mais oportunida­des. Os debates foram importante­s para que a população identifica­sse quem tem mais preparo.”

Paes, que liderava as pesquisas, sofreu por sua aliança antiga com Cabral, que foi relembrada todo o tempo pelos rivais. Também foram aventados problemas em obras públicas em sua gestão na prefeitura. Paes vem rebatendo as acusações, apresentan­do-se como um gestor capaz de lidar com as contas do Estado, que quebrou em decorrênci­a da crise do petróleo e atrasou salários.

Condenado no ano passado por abuso de poder econômico e político na eleição municipal de 2016, ele concorre graças a uma liminar do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Na quintafeir­a, o emedebista sofreu um revés: seu ex-secretário de Obras Alexandre Pinto o acusou de receber propina da Odebrecht em obras municipais, tendo até mesmo travado negociaçõe­s em seu gabinete.

Após a apuração, Paes se disse confiante para a próxima etapa. “Foi diferente do que diziam as pesquisas. O segundo turno é quando fica claro quem é quem.”

Senado. A vinculação a Jair Bolsonaro elegeu os dois senadores do Rio: Flávio Bolsonaro (PSL), filho mais velho do presidenci­ável, teve 31,36% dos votos, e Arolde de Oliveira (PSD), apoiado pela família, 17,06%. Entre os cinco deputados estaduais com mais votos, quatro são do partido de Bolsonaro: Rodrigo Amorim (1.º colocado no Estado); Alana Passos (3.º); Alexandre Knoploch (4.º) e Coronel Salema (5.º). No caso dos federais, foram dois, Helio Fernando Barbosa Lopes, o 1.º colocado, e Carlos Jordy, 4.º.

“Foi diferente do que diziam as pesquisas. O segundo turno é quando fica claro quem é quem. Permite que a população possa conhecer candidatos e propostas.” Eduardo Paes, CANDIDATO À REELEIÇÃO COMO GOVERNADOR DO RIO DE JANEIRO

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BRUNA PRADO/BAND - 17/8/2018

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