No Rio, ex-juiz Witzel surpreende e lidera
Witzel (PSC) disparou após apoiar Bolsonaro e vai disputar o 2º turno com Paes (DEM)
O primeiro turno para o governo do Rio teve um resultado inesperado, que as pesquisas não foram capazes de antecipar. O ex-juiz federal Wilson Witzel (PSC), que começou a campanha como um desconhecido, mal pontuando nos levantamentos, alcançou 41,28% dos votos válidos após declarar apoio ao presidenciável Jair Bolsonaro (PSL). Já o ex-prefeito da capital Eduardo Paes (DEM), líder de todas as sondagens até a véspera, chegou em segundo lugar, com 19,56%.
Tarcísio Motta (PSOL) recebeu 10,72% dos votos e Romário (Podemos), 8,70%. A abstenção foi de 23,60%. Nulos somaram 12,72% e brancos, 5,70%. Os votos em Anthony Garotinho (PRP), que estava em segundo lugar nas pesquisas e teve a candidatura barrada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), não foram computados.
Witzel apresentou-se ao eleitor como um político não profissional, mas com experiência no combate à corrupção e à criminalidade. São dois temas centrais desta corrida ao Palácio Guanabara, por causa do escândalo de cobrança de propinas do ex-governador Sérgio Cabral Filho (MDB) – preso desde
novembro de 2016 e condenado a mais de 100 anos de prisão – e da situação caótica da segurança, com números recordes de homicídios, até mesmo os cometidos pela polícia.
Outsider. Com o slogan “mudando o Rio com juízo”, o exjuiz se beneficiou da condição de outsider, sem rejeição nem máculas na carreira. Ele tem 50 anos, é de Jundiaí (SP) e mora no Rio desde os 19 anos. Começou a campanha quase sem intenções de voto, chegou ao sexto lugar nas pesquisas duas semanas atrás, e na última sondagem, divulgada no sábado, alcançou o segundo lugar após declaração de voto em Bolsonaro.
No debate da TV Globo da última terça-feira, colocou-se não só como eleitor de Bolsonaro, mas seu “amigo pessoal”. “A minha ideologia sempre foi de direita. Não ia ser diferente na minha caminhada para governador.”
Em entrevista após o resultado, Witzel disse que está pronto para governar o Estado. “A população demonstrou que quer combater a insegurança, a corrupção, quer mais saúde”, afirmou. “No segundo turno vamos ter mais oportunidades. Os debates foram importantes para que a população identificasse quem tem mais preparo.”
Paes, que liderava as pesquisas, sofreu por sua aliança antiga com Cabral, que foi relembrada todo o tempo pelos rivais. Também foram aventados problemas em obras públicas em sua gestão na prefeitura. Paes vem rebatendo as acusações, apresentando-se como um gestor capaz de lidar com as contas do Estado, que quebrou em decorrência da crise do petróleo e atrasou salários.
Condenado no ano passado por abuso de poder econômico e político na eleição municipal de 2016, ele concorre graças a uma liminar do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Na quintafeira, o emedebista sofreu um revés: seu ex-secretário de Obras Alexandre Pinto o acusou de receber propina da Odebrecht em obras municipais, tendo até mesmo travado negociações em seu gabinete.
Após a apuração, Paes se disse confiante para a próxima etapa. “Foi diferente do que diziam as pesquisas. O segundo turno é quando fica claro quem é quem.”
Senado. A vinculação a Jair Bolsonaro elegeu os dois senadores do Rio: Flávio Bolsonaro (PSL), filho mais velho do presidenciável, teve 31,36% dos votos, e Arolde de Oliveira (PSD), apoiado pela família, 17,06%. Entre os cinco deputados estaduais com mais votos, quatro são do partido de Bolsonaro: Rodrigo Amorim (1.º colocado no Estado); Alana Passos (3.º); Alexandre Knoploch (4.º) e Coronel Salema (5.º). No caso dos federais, foram dois, Helio Fernando Barbosa Lopes, o 1.º colocado, e Carlos Jordy, 4.º.
“Foi diferente do que diziam as pesquisas. O segundo turno é quando fica claro quem é quem. Permite que a população possa conhecer candidatos e propostas.” Eduardo Paes, CANDIDATO À REELEIÇÃO COMO GOVERNADOR DO RIO DE JANEIRO