O Estado de S. Paulo

Aliados de Bolsonaro avançam no Congresso

Cidade do interior, que ele ficou 63 anos sem visitar, festejou com queima de fogos e carreata

- José Maria Tomazela ENVIADO ESPECIAL / GLICÉRIO

O PSL, que elegeu apenas um deputado em 2014, passará a ter a 2.ª maior bancada da Câmara. Foram 51 cadeiras conquistad­as, sendo 12 delas no Rio, reduto eleitoral de Bolsonaro. O partido só terá menos deputados que o PT, dono de 57 vagas.

Depois de se declarar um filho da terra há menos de dois meses, o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, conseguiu ontem 56% dos votos de Glicério, no interior de São Paulo, sua terra natal. O segundo colocado, Fernando Haddad (PT) teve 23,8%. A chuva forte que caiu à noite frustrou uma festa maior na cidade. Houve queima de rojões na Praça Francisco Costa Torres e uma carreata.

Bolsonaro nasceu em 21 de março de 1955 em Glicério, mas viveu apenas oito meses na cidade. Ele só voltou 63 anos depois, no dia 23 de agosto, durante a campanha eleitoral. Até então, raros moradores sabiam da ligação dele com o município.

Mesmo assim, ele conquistou a simpatia dos eleitores. “Mesmo que ele não fosse daqui, eu votaria nele, pois não tem outra solução para o Brasil”, disse a auxiliar de enfermagem Maria de Lourdes Amâncio Ferreira, de 50 anos. “Mas ele mesmo disse que o umbigo dele está enterrado aqui. Sendo glicerense, é claro que ele vai trazer recursos para a terra natal.”

Entrega de apoio. O prefeito Ildo de Souza, o Gaúcho, do PSDB, declarou seu voto para o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, após votar na Escola Estadual Maria Mathilde, já na manhã de domingo. Ele contou que, na quinta-feira, foi recebido pelo presidenci­ável em sua casa, no Rio. “Fiz a entrega de uma carta com o apoio de 14 prefeitos da região. Ele até brincou comigo, dizendo que mandava me matar, se não tivesse mais de 50% dos votos de Glicério. Eu prometi a ele 90% e cheguei perto.”

Souza disse ter consciênci­a de que, como presidente, Bolsonaro terá de enfrentar problemas muito maiores que os vivi- dos por sua terra. “Antes, ele só tem de consertar o Brasil inteiro. É claro que a cidade vai ficar em evidência e facilitará o acesso a deputados e até minis- tros”, ressaltou.

Para o prefeito, o maior pro- blema do município é a falta de moradias. Souza disse ter conseguido um núcleo de 130 casas da CDHU, companhia habita- cional paulista, que ainda será construído, mas ainda há 250 famílias a serem atendidas. “Estamos em um esforço para atrair indústrias e criar empre- go. O jovem faz 18 anos e gosta- ria de ficar aqui, mas há pouca opção de trabalho.” General. O nome dado à terra de Bolsonaro homenageia o ge- neral Francisco Glicério de Cer- queira Leite, um dos principais propagandi­stas da República. Ele foi senador, ministro dos Transporte­s e da Agricultur­a da chamada Velha República e responsáve­l por levar a Estrada de Ferro Noroeste do Brasil até Glicério. Na época, a cidade era uma das mais importante­s do oeste e tinha a maior colônia espanhola Paulo, com do 4,5 Estado mil pessoas de São – quase a população total da cida- de atualmente.

O vereador Danilo Ferrari, do PSDB, conta que o município não conseguiu manter o pro- gresso de antigament­e. “Falam em brigas políticas e até praga de padre, mas o fator maior foi a decadência do café. Tínhamos uma grande beneficiad­ora e os embarques de todo noroeste do Estado eram feitos na estação ferroviári­a daqui.”

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JOSE MARIA TOMAZELA / ESTADÃO Área central. Déficit de moradia como problema

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