O Estado de S. Paulo

Bolsonaro vence em 17 unidades e PT mantém Nordeste

Reduto da sigla de Haddad foi o que garantiu realização de 2º turno; Bolsonaro avançou por Estados onde Dilma havia vencido em 2014

- Daniel Bramatti

No mapa eleitoral do primeiro turno da eleição presidenci­al de 2018, o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, encurralou o adversário Fernando Haddad (PT) no Nordeste e em um pedaço da região Norte – mais especifica­mente, o Estado do Pará.

No total, Bolsonaro venceu em 16 Estados e no Distrito Federal. Ganhou na totalidade das regiões Sul, Sudeste e CentroOest­e. Apesar de não ter repetido o desempenho de Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma Rousseff no Nordeste, Haddad conseguiu evitar que a onda bolsonaris­ta invadisse a região, o que teria levado a uma definição da disputa já no primeiro turno.

O melhor desempenho de Bolsonaro nos Estados ocorreu em Santa Catarina, onde teve quase dois terços dos votos, deixando Haddad em um distante segundo lugar, com 15%. Nos vizinhos Rio Grande do Sul e Paraná, Bolsonaro teve também o apoio da maioria absoluta do eleitorado.

No Sudeste, o candidato do PSL só não alcançou maioria absoluta em Minas Gerais – e foi por pouco. Entre os mineiros, o placar pró-Bolsonaro foi de quase 49% a 27%. No Rio de Janeiro, seu domicílio eleitoral, Bolsonaro alcançou quase 60%. Desde 2006, o PT não perdia em Minas e no Rio no primeiro turno. Em São Paulo, maior colégio eleitoral do País, o militar da reserva teve 53%.

Distribuiç­ão. Haddad venceu em nove Estados, sendo oito no Nordeste e apenas um – o Pará – no Norte. Em relação ao mapa do primeiro turno de 2014, o candidato do PT não repetiu o desempenho de Dilma Rousseff – candidata do partido na

época – nos principais Estados do Norte.

Dilma, por exemplo, teve 55% dos votos no Amazonas no primeiro turno de 2014. Haddad, por sua vez, ficou com 39%, atrás de Bolsonaro, com 45%.

No Nordeste, o melhor desempenho de Haddad foi no Piauí, no Maranhão e na Bahia, onde teve aproximada­mente seis em cada dez votos.

Exceção. Nos Estados nordestino­s, o petista só não foi o vencedor no Ceará, reduto eleitoral

de Ciro Gomes (PDT).

O pedetista teve 41% dos votos dos cearenses. Haddad ficou com 32% e Bolsonaro, com 22%. Foi o único Estado em que o candidato do PSL ficou na terceira posição.

Os Estados em que o PT teve melhor desempenho são os que possuem maior concentraç­ão de eleitorado beneficiad­o por políticas públicas e programas sociais da época em que o partido comandava o governo federal.

Perfil. A última pesquisa Ibope/Estado/TV Globo antes da eleição, concluída na véspera da disputa, mostrou que o embate entre Bolsonaro e Haddad reproduziu parcialmen­te a clivagem social das disputas entre PT e PSDB. Desde a eleição de 2006, o partido de Lula se sai melhor entre os eleitores mais pobres e menos escolariza­dos, enquanto o adversário do PT tem desempenho superior nas faixas de maior renda e escolarida­de. Neste ano, o padrão se repetiu, segundo o Ibope.

Outro recorte que mostrou diferenças entre o eleitorado de Bolsonaro e o de Haddad é o religioso. O Ibope feito na véspera da pesquisa, da mesma forma que todos os levantamen­tos anteriores realizados durante a campanha, apontou que Bolsonaro tinha desempenho melhor entre evangélico­s que entre católicos. Já em relação a Haddad ocorreu o contrário.

No recorte por raças feito pelo Ibope, o candidato do PT se saiu melhor entre os negros e pardos, enquanto Bolsonaro se destacou entre os brancos.

“Minha preocupaçã­o é que essas notícias falsas buscam disseminar uma desinforma­ção em detrimento da credibilid­ade da Justiça eleitoral.”

Rosa Weber, PRESIDENTE DO TSE

 ?? DIDA SAMPAIO / ESTADÃO ?? “A onda global que derrubou políticos do establishm­ent dos EUA também enfraquece­u os políticos moderados no Brasil” Wall Street Journal
DIDA SAMPAIO / ESTADÃO “A onda global que derrubou políticos do establishm­ent dos EUA também enfraquece­u os políticos moderados no Brasil” Wall Street Journal

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