Presidenciável do PSL questiona resultado e lisura das urnas
Bolsonaro disse nas redes sociais que vai recorrer ao TSE para que ‘problemas’ não voltem a ocorrer no 2º turno
Jair Bolsonaro (PSL) voltou a criticar, na noite de ontem, o sistema de urnas eletrônicas, agora para mobilizar seus seguidores no segundo turno. Em pronunciamento na internet, ele disse que recorrerá ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para não “ocorrerem” na disputa final com Fernando Haddad (PT), no dia 28, os “problemas” da primeira votação, que, segundo o deputado, teriam impedido sua vitória ontem.
“Se tivéssemos resolvido isso antes, o País já saberia o nome do seu presidente”, afirmou. “Lamentavelmente, o sistema ganhou a primeira batalha quando não aceitou nossa proposta de voto impresso.”
Durante o dia, foram registradas reclamações de eleitores que diziam que digitavam o número do candidato em urnas que registravam voto nulo. Funcionários da Justiça Eleitoral explicaram que nesses casos os votantes, equivocadamente, clicavam o número do presidenciável no espaço destinado aos candidatos a governador.
Ao ser indagada sobre as declarações de Bolsonaro, a presidente do TSE, ministra Rosa Weber, afirmou que a democracia garante a liberdade de expressão aos cidadãos. “Num Estado democrático de direito, o bom é isso: que as pessoas possam se expressar. Vivemos numa democracia, as pessoas têm o direito de emitir suas opiniões”, disse.
Boatos. O dia da votação foi tomado nas redes sociais por boatos sobre a confiabilidade da urna eletrônica, impulsionados principalmente por quadros do partido de Bolsonaro. No Twitter, um dos filhos do presidenciável, Eduardo Bolsonaro, estimulou eleitores a fazer fotos e vídeos do momento do voto como forma de fiscalização – ato proibido pela Justiça Eleitoral.
Outro herdeiro do capitão da reserva, o senador eleito pelo Rio Flávio Bolsonaro, publicou no Twitter uma informação que posteriormente foi desmentida pelo Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TREMG) – de que haveria urnas “viciadas” em prol de Haddad.
A desinformação estava em um vídeo em que um homem aperta o número “1” em uma urna eletrônica e diz que, mesmo sem apertar o “3”, apareciam foto e nome de Haddad. O TREMG esclareceu que a filmagem não mostra o teclado por completo e o vídeo passou por edição. “Não existe a possibilidade de a urna ‘autocompletar’ o voto do eleitor”, comunicou a Justiça Eleitoral.
Após o desmentido sobre a gravação, Flávio Bolsonaro deletou o tuíte.
A deputada federal eleita pelo PSL em São Paulo Joice Hasselmann também publicou o vídeo enganoso no Facebook. Em pouco mais de sete horas, 2,7 milhões de pessoas visualizaram o post, que teve 130,6 mil compartilhamentos. Ela usou a rede social para divulgar, ao longo do dia, outras supostas denúncias de mau funcionamento em urnas. Boatos. No WhatsApp, mais uma mentira que circulou nos dias anteriores às eleições é a de que a Polícia Federal (PF) apreendeu urnas adulteradas para registrar votos em Haddad. A corrente chegava a dizer que a Rede Record teria noticiado o fato – tudo boato. A PF desmentiu o registro de qualquer ocorrência do tipo.
Diversos outros rumores sobre a confiabilidade do processo eleitoral marcaram a campanha no primeiro turno. Um dos boatos checados pelo Estadão Verifica, em parceria com o projeto Comprova, foi a falsa informação de que as Forças Armadas teriam pedido ao TSE uma perícia nos equipamentos de votação. Tanto o Exército quanto a Justiça Eleitoral negaram o rumor que viralizou nas redes.
O Comprova, coalizão de jornalismo colaborativo formada por 23 veículos de imprensa e o Estado, também desmentiu o boato de que “códigos” das urnas eletrônicas teriam sido entregues a venezuelanos.
Segurança. A Justiça Eleitoral reafirmou a confiabilidade do processo eletrônico. Segundo o TSE, o voto emprega segurança em camadas. Isso quer dizer que qualquer ataque ao sistema causa um efeito dominó, que impossibilita que um equipamento comprometido gere resultados válidos.