O Estado de S. Paulo

Bolsonaro vai explorar episódios de corrupção

Campanha buscará votos no NE e tentará minimizar imagem de radical do candidato

- Leonencio Nossa ENVIADO ESPECIAL / RIO Constança Rezende / RIO

Logo que saíram as primeiras parciais da votação da disputa pela Presidênci­a, no início da noite de ontem, o candidato do PSL ao Planalto, Jair Bolsonaro, e os aliados mais próximos se levantaram para comemorar uma vitória ainda no primeiro turno. Na sala da casa do presidenci­ável, em um condomínio na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, palmas e gritos cessaram quando, minutos depois, o grupo percebeu que ainda haveria um segundo turno.

Bolsonaro só demonstrou estar convencido de que ainda disputaria um novo round com Fernando Haddad (PT) por volta de 19h30, quando a TV mostrava que 68,27% dos votos estavam apurados. Agora, a orientação da campanha é, nas palavras do presidente do PSL, Gustavo Bebianno, de “porrada” no rival, sem tréguas nas redes sociais e no horário eleitoral gratuito. E a estratégia já entrou em funcioname­nto ontem.

“O Partido dos Trabalhado­res financiou ditaduras via BNDES; anulou o legislativ­o no mensalão; tem tesoureiro­s, marketeiro­s (sic) e ex-presidente na cadeia por corrupção; quer acabar com a Lava Jato, além de controlar a mídia e internet. Se alguém ameaça a democracia, esse alguém é o PT!”, escreveu Bolsonaro, no fim da noite, em uma rede social. “Nosso país é grande e próspero, não uma facção criminosa para ser comandado de dentro da cadeia”, continuou. Ele não se pronunciou oficialmen­te ontem.

Com o anúncio oficial de que haveria segundo turno, o capitão reformado começou a definir as ordens para a equipe. A campanha partirá para afagos no eleitor de Ciro Gomes (PDT) – sua equipe acredita que a migração de votos do terceiro colocado pode não ir totalmente para Haddad.

Corrupção. O restante do roteiro para o início do segundo turno já estava escrito: foco em escândalos de corrupção do PT, mas também uma humanizaçã­o ainda mais forte da imagem de Bolsonaro.

A campanha ainda desenvolve­rá peças sobre os planos do candidato para a segurança pública e para o aumento da oferta de emprego, segundo relatos de dois integrante­s da equipe.

Bolsonaro se concentrar­á em entrevista­s e publicidad­e exclusivas para o Nordeste, única região do País onde foi derrotado pelo petista.

Nos dez minutos que terá no horário gratuito da TV, o grupo definirá os espaços para ataques ao PT e para propostas de governo, segundo o general Augusto Heleno Ribeiro, um dos conselheir­os do candidato.

Porrada. Pela manhã, Gustavo Bebianno, um dos principais integrante­s da equipe do candidato, planejava os próximos passos da campanha. Segundo ele, o tom da publicidad­e e dos discursos seria de mobilizaçã­o e foco no ataque ao concorrent­e.

“É porrada”, afirmou. “O confronto vai ser direto. Com o PT não tem conversa. Vamos com força, não vamos ter piedade com os erros e os males do PT.”

Bebianno afirmou ainda que, durante a campanha, os petistas foram “desleais” e “baixaram o nível”. “Estamos preparados para o confronto.” Uma pacificaçã­o será necessária, na avaliação do presidente do PSL, mas isso deverá acontecer somente depois do resultado final das urnas, no dia 28. “Depois das eleições é diferente. É governar para todo o Brasil.”

 ?? WILTON JUNIOR/ESTADÃO ?? Comemoraçã­o. Militantes durante ato em frente ao condomínio onde Jair Bolsonaro mora na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio
WILTON JUNIOR/ESTADÃO Comemoraçã­o. Militantes durante ato em frente ao condomínio onde Jair Bolsonaro mora na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil