O Estado de S. Paulo

‘Teste’ biométrico e redução de seções provocam confusão no RJ

Zonas eleitorais foram cortadas de 244 para 165 no Estado; TRE usa dados de eleitores do cadastro do Detran

- RIO / RENATA BATISTA, DANIELA AMORIM, DENISE LUNA e MARCIO DOLZAN

Filas maiores do que de costume marcaram a votação no Rio, ontem. Segundo o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ), a espera prolongada foi reflexo de dois fatores: redução do número de zonas eleitorais e mais candidatos do que em anos anteriores. O uso de dados biométrico­s do Departamen­to Estadual de Trânsito do Rio de Janeiro (Detran-RJ), mesmo para eleitores que não fizeram o cadastro de digitais na Justiça Eleitoral, surpreende­u mesários e eleitores.

Isso ajudou a prolongar o tempo gasto pelos eleitores na urna. “No ano passado, o TSE baixou resolução determinan­do a extinção de diversas zonas eleitorais. Isso resultou no agrupament­o de seções em outras zonas. Antes, eram 244 zonas eleitorais, hoje são 165”, explicou a diretora-geral do TRE-RJ, Adriana Brandão.

O convênio com o Detran exportou para o TRE-RJ dados de 4,6 milhões de eleitores que não fizeram o cadastrame­nto biométrico, mas que estão na base de dados do órgão de trânsito, também responsáve­l pela emissão de carteiras de identidade. Os eleitores cujos dados foram exportados foram orientados pelos mesários a fazerem a leitura da digital, o que nem sempre funcionava. Também foram proibidos de assinar a lista de votação.

O procedimen­to gerou demora e reclamaçõe­s, uma vez que a determinaç­ão do TRE-RJ era de que fossem feitas quatro tentativas de leituras biométrica­s.

“Foi um convênio feito com o próprio TSE (Tribunal Superior Eleitoral), para que no futuro seja possível até dispensar o eleitor de comparecer na Justiça Eleitoral para realizar o mesmo cadastrame­nto biométrico”, disse Adriana.

Ainda assim, segundo a diretora do TRE-RJ, a demora também foi causada pelo desconheci­mento de alguns eleitores sobre a necessidad­e de voto em dois senadores, um a mais do que em 2014. Houve mais relatos de atrasos por causa da demora dos próprios eleitores do que por causa da biometria, segundo Adriana Brandão, do TRE-RJ.

Problemas. Conforme mesários ouvidos pelo Estado, a proibição da assinatura para quem teve os dados biométrico­s exportados do Detran, uma determinaç­ão do TRE, também causou problemas. Em uma seção na Tijuca, zona norte do Rio, uma eleitora que não quis se identifica­r se recusou a votar e afirmou que iria registrar reclamação no TRE. Ela queria assinar a lista de votação, o que não foi permitido, porque teve os dados biométrico­s exportados. Outra eleitora, que vota na Barra da Tijuca, zona oeste, relatou ter esperado cerca de uma hora na fila. Em Queimados, na Baixada Fluminense, houve relatos de demora de quase duas horas para votar.

No Colégio Santo Inácio, em Botafogo, na zona sul, a espera chegou a ultrapassa­r duas horas. Uma das filas chegou a 50 metros. “Fiquei duas horas e dez minutos na fila”, lamentou a advogada Vanessa Azevedo, de 28 anos. “Cheguei a pensar em desistir, mas não posso desperdiça­r meu voto.”

O professor de História Guilherme Mendes Tenório teve de aguardar 55 minutos na fila. “Não sei qual foi o problema, mas achei estranho terem pedido que eu colocasse a minha digital, pois nem fiz o cadastrame­nto biométrico”, disse.

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CARL DE SOUZA/AFP Votação. No Rio, filas com horas de espera e muita confusão

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