O Estado de S. Paulo

Alckmin diz que urnas devem ser respeitada­s

Executiva do partido deve se reunir amanhã para decidir sobre segundo turno

- Pedro Venceslau Marcelo Osakabe

O candidato do PSDB à Presidênci­a, Geraldo Alckmin, fez um rápido discurso no comitê de campanha do partido, na capital paulista. Último dos presidenci­áveis a se pronunciar sobre o resultado das eleições, o tucano agradeceu os votos que recebeu e pregou “absoluto respeito ao resultado das urnas”. Ele também afirmou que a executiva nacional do partido deve se reunir na próxima terça-feira para decidir, entre outras coisas, sobre uma eventual declaração de apoio no segundo turno.

“Quero transmitir nosso absoluto respeito ao resultado das urnas e, de outro lado, destacar nossa serenidade, como democratas que somos, e nossa humildade. Percorremo­s o Brasil inteiro conhecendo a população e aprendendo sobre esse País continente”, disse o tucano, que veio acompanhad­o de poucos aliados. Entre os que vieram com o tucano, estavam o senador José Serra e o deputado e tesoureiro da sigla, Silvio Torres.

Este ano, o PSDB registrou o pior desempenho de um candidato em eleições presidenci­ais desde 1989, o que levou dirigentes do partido a apontarem erros de Geraldo Alckmin na condução da presidênci­a da legenda. O tucano registrou cerca de 5 milhões de votos, pouco mais de 4% do total – o que prejudicou também o desempenho dos candidatos a deputados, especialme­nte em São Paulo.

Antes mesmo do resultado das urnas, já havia pressão para que Alckmin deixasse a presidênci­a do partido, apesar do seu mandato só terminar em dezembro de 2019. O movimento foi verbalizad­o pelo prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando (PSDB), que integra a direção estadual do partido em São Paulo. “Alckmin precisa reavaliar a permanênci­a dele na presidênci­a do PSDB. O partido não se reposicion­ou, e isso teve um impacto direto nas eleições proporcion­ais”, disse.

Já há pressão de parte da bancada do partido e de lideranças regionais para que o PSDB declare apoio formal a Jair Bolsonaro (PSL) no segundo turno, mas a tendência é pela liberação do voto. A direção executiva da sigla vai se reunir esta semana para discutir o tema.

Em 2014, o partido elegeu dois governador­es no primeiro turno – Alckmin em São Paulo e Beto Richa no Paraná – e outros três no segundo – Reinaldo Azambuja em Mato Grosso do Sul, Simão Jatene no Pará e Marconi Perillo em Goiás. A eles, se juntou mais tarde Pedro Taques (MT), que deixou o PDT em 2015.

Nesse ano, o partido pretendia ampliar de seis para sete os Estados sob seu comando. No entanto, não conseguiu nenhuma vitória no primeiro turno e poderá apenas manter o desempenho de 2014 caso consiga vencer em todas as seis disputas em que ainda continuam vivos: São Paulo, com João Doria; Minas Gerais, com Antonio Anastasia; Rio Grande do Sul, com Eduardo Leite; Rondônia com Expedito Jr.; Mato Grosso do Sul, com Reinaldo Azambuja; e Roraima, com José Anchieta.

Na contabilid­ade do partido, a principal baixa é Mato Grosso, onde Taques ficou em terceiro na disputa que elegeu Mauro Mendes (DEM). Além da situação nos Estados, o partido também não elegeu tucanos importante­s que tentavam vaga no Senado, caso de Beto Richa, no Paraná, e Marconi Perillo (Goiás), que é vicepresid­ente nacional da legenda. Ambos foram alvos de ações da Polícia Federal a menos de duas semanas do primeiro turno.

A soma negativa continua quando se observam os resultados na disputa entre deputados federais: o PSDB de São Paulo foi de 14 para 7 federais – e José Aníbal não se elegeu. A mesma desidrataç­ão se verificou na luta entre os deputados estaduais: os tucanos caíram de 22 para 10 eleitos.

Pressionad­o por aliados inclusive a deixara presidênci­a do partido, o ex-governador disse que vai se reunir amanhã, em Brasília, para decidir, entre outras coisas, sobre esse assunto e sobre uma eventual declaração de apoio no segundo turno.

Alckmin não recebeu nenhuma manifestaç­ão do ex-prefeito João Doria, que disputa o governo de São Paulo pelo PSDB e terminou em primeiro lugar a disputa no primeiro turno, não foi ao comitê e montou estrutura paralela para acompanhar a votação. França. Em compensaçã­o, Alckmin recebeu a visita de Márcio França (PSB), classifica­do para o segundo turno da disputa do governo paulista. França, que vai enfrentar Doria, aproveitou para cutucar o adversário. “Vim cumpriment­ar Alckmin. Lealdade é algo que eu prezo muito na vida. Sei que devo muito à oportunida­de que ele me deu.”

O governador não quis comentar sobre o apoio de seu partido no segundo turno da disputa presidenci­al, mas deu indicações do caminho que ele deve tomar. “Meu partido vai se reunir ainda, mas claro que as coisas têm uma certa obviedade”, comentou. “Pernambuco é um decisão importante”, acrescento­u depois, sobre o resultado no Estado.

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WERTHER SANTANA/ESTADÃO Voto. O candidato do PSDB ao Planalto, Geraldo Alckmin, vota em colégio de São Paulo

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