O Estado de S. Paulo

ANTIPETISM­O É REGRA NO BERÇO DE HADDAD EM SP

Na Zona Eleitoral de Indianópol­is, ele obteve o segundo menor índice da capital, com 6,8%

- Adriana Ferraz Carla Bridi

Localizado na zona sul de São Paulo, nas proximidad­es do Aeroporto de Congonhas, o bairro do Planalto Paulista, onde o presidenci­ável petista Fernando Haddad cresceu e atualmente reside, permanece como um dos principais redutos antipetist­as da capital. Se em anos anteriores isso significou dar mais votos aos tucanos Aécio Neves e José Serra – que receberam, respectiva­mente, 87% e 77% dos votos da região nas campanhas de 2014 e 2010 contra Dilma Rousseff no segundo turno –, ontem quem teve a preferênci­a dos moradores foi Jair Bolsonaro, do PSL. Com a apuração concluída pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, o resultado das urnas mostrou que o deputado federal alcançou 53,97% dos votos válidos na zona eleitoral de Indianópol­is, onde fica o Planalto Paulista. Já Haddad registrou 6,88% da preferênci­a do eleitorado. O índice do petista em seu próprio bairro é o segundo pior registrado por ele, perdendo apenas para a zona eleitoral do Itaim-Bibi, também na zona sul, na qual marcou 6,72% dos votos válidos. Os dados revelados pelo mapa da cidade são não exatamente uma novidade. Em 2016, quando tentou se reeleger prefeito da capital, Haddad só conseguiu 13,87% dos votos válidos ali – João Doria (PSDB), eleito em primeiro turno, recebeu 73,84%.

Se já não era boa, a relação de Haddad com o local onde vive se deteriorou após a gestão à frente da capital. A contragost­o de boa parte dos moradores, o petista instalou ciclovias nas ruas e alterou o zoneamento de algumas vias, como a que ele mesmo mora. A associação do bairro ainda o critica por não ter atuado para reduzir a violência causada pela prostituiç­ão na Avenida Indianópol­is. Quem passa por ali vê atualmente faixas penduradas que alertam para as câmeras instaladas pelos moradores, 60 no total.

“A gente precisa de alguém para ordenar as coisas. Não se segue mais as regras, bandidos podem fazer o que quiserem”, afirma o chaveiro Francesco Bruno, que mora e trabalha no bairro há 30 anos. Apesar de não votar em Haddad, o chaveiro não desgosta do candidato. “Para mim, ele é o candidato certo no partido errado. Passou na minha loja, ficou conversand­o com a gente. Ele é muito humilde”, afirma Bruno, que, assim como a maioria de seus vizinhos, escolheu Bolsonaro.

Periferia. O resultado geral da eleição para presidente na capital mostra que Haddad venceu em apenas quatro das 58 zonas eleitorais de São Paulo. Ele se saiu melhor que Bolsonaro em Parelheiro­s e Jardim Ângela (na zona sul), São Mateus (na zona leste) e Vila Indiana (zona oeste). Em todas as demais, o candidato do PSL ficou à frente.

Há dois anos, quando perdeu a reeleição, Haddad foi derrotado em toda a cidade – Doria venceu em 56 zonas e Marta Suplicy (MDB), nas duas restantes. Neste ano, Haddad tentou recuperar a periferia da cidade, chamada de “cinturão vermelho”, mas enfrentou, desta vez, não a força de um tucano, mas Bolsonaro, que recebeu apoio dos paulistano­s com a bandeira da segurança pública.

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DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO - 31/8/2010 Planalto. Ex-prefeito só venceu em 4 de 58 distritos

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