Cúpula do Senado não consegue reeleição
Presidente da Casa, Eunício Oliveira (MDB-CE), e vice, Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), ficaram de fora; PSL e Rede surpreendem
O resultado das urnas significou um revés para boa parte dos caciques do Senado Federal, que não se reelegeram para um novo mandato de oito anos, embora estivessem em disputa duas das três vagas por Estado. A lista de derrotados foi puxada pela cúpula da Casa: o atual presidente, Eunício Oliveira (MDB), ficou em terceiro lugar no Ceará, e o vice-presidente, Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), em quarto na Paraíba.
Além deles, perderam a vaga pelo MDB Edison Lobão (MA), ex-ministro de Minas e Energia, e Garibaldi Alves (RN), ex-ministro da Previdência. Outro cacique da sigla, Valdir Raupp também está fora ao ficar em sexto em Rondônia. Ao todo, só 8 de 32 senadores que tentaram a reeleição conseguiram.
Parlamentares que lideraram a oposição ao governo Temer, como Roberto Requião (MDBPR) e Lindbergh Farias (PTRJ), estão fora da próxima legislatura. Já Renan Calheiros (MDB-AL), ex-presidente do Senado Federal que rompeu com Temer e fez campanha aliado ao PT e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Lava Jato, garantiu novo mandato. O ex-vice-presidente do Senado Jorge Viana (PT) perdeu a vaga no Acre, simbolizando a derrocada do partido no Estado.
Dois partidos que surpreenderam foram a Rede, da candidata derrotada à Presidência Marina Silva, que elegeu cinco senadores (tinha apenas um), e o PSL, de Jair Bolsonaro, que não tinha nenhum e agora contará com quatro. O MDB ainda fez sete senadores e manteve a hegemonia na Casa.
A bancada da Rede será formada por Randolfe Rodrigues (AP) – reeleito –, Capitão Styvenson (RN), Delegado Alessandro Vieira (SE), Fabiano Contarato (ES) e Flávio Arns (PR). A do PSL terá Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), um dos filhos do presidenciável, o policial militar da reserva Major Olímpio (PSL-SP), a juíza Selma Arruda (PSL-MT) e Soraya Thronicke (PSL-MS). Não conseguiu a reeleição o senador Magno Malta (PR-ES), um dos principais cabos eleitorais de Bolsonaro. Alvos da PF. A eleição para o Senado também deixou de fora dois ex-governadores do PSDB que estão na mira de operações policiais por suspeita de corrupção: Marconi Perillo (Goiás) e Beto Richa (Paraná). Perillo só não foi alvo de pedido de prisão, segundo o Ministério Público, por causa do período eleitoral, enquanto Richa ficou preso temporariamente.
Delator da Operação Lava Jato cassado em plenário, o ex-petista Delcídio do Amaral (PTCMS) fracassou ao tentar retornar ao Senado.
Petistas. Esperanças do PT, como a ex-presidente Dilma Rousseff (MG) e o ex-senador Eduardo Suplicy (SP), não conseguiram se eleger. Dilma ficou em quarto lugar, enquanto Suplicy foi o terceiro. Principal nome do clã Sarney, também ficou de fora o filho do ex-presidente, Sarney Filho (PV), ex-ministro do Meio Ambiente.
Entre os eleitos, há nomes antigos, como o ex-ministro da Educação Cid Gomes (PDT-CE), irmão do candidato derrotado Ciro Gomes (PDT), e deputados federais que trocaram de Casa.
Por outro lado, ingressaram personalidades como a medalhista olímpica Leila do Vôlei (PSBDF) e o comentarista esportivo e apresentador Jorge Kajuru (PRP-GO), além do militar da reserva e instrutor policial Marcos do Val (PPS-ES), celebridade nas redes sociais. Fundador da Positivo, o empresário Orisvoto Guimarães (Podemos) foi o mais votado no Paraná.