O Estado de S. Paulo

EUA e Coreia do Norte concordam em realizar nova cúpula entre Trump e Kim

Diplomacia. Washington e Pyongyang ainda têm divergênci­as com relação à desnuclear­ização, mas secretário de Estado, Mike Pompeo, demonstra otimismo e assegura que presidente americano se reunirá com líder norte-coreano ‘o mais rápido possível’

- PYONGYANG

O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, concordou em participar de uma segunda cúpula com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, “o mais rápido possível”. O anúncio foi feito ontem pelo secretário de Estado americano, Mike Pompeo, que viajou à Ásia no fim de semana e esteve em Pyongyang para se reunir com Kim.

Pompeo e Kim se encontrara­m por cerca de duas horas e depois participar­am de um almoço de 90 minutos ontem. “É bom vê-lo de novo”, Pompeo disse a Kim, enquanto os dois apertavam as mãos para as câmeras antes do almoço. O secretário de Estado colocou a mão no ombro de Kim e ambos sorriram. “Estou muito feliz por esta oportunida­de. Depois de uma boa reunião, podemos desfrutar uma refeição juntos”, disse Kim.

Enquanto a dupla se sentava para almoçar, Kim disse: “É um dia muito bom, que promete um bom futuro para os dois países”. Pompeo disse que teve uma “ótima visita” e uma “manhã muito bem-sucedida”, acrescenta­ndo que Trump enviou seus cumpriment­os. Ambos falaram por meio de tradutores.

Pompeo deixou Pyongyang à tarde e foi para Seul se encontrar com o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, onde afirmou que “fechou um acordo com Kim para uma segunda cúpula entre EUA e Coreia do Norte o quanto antes”. A primeira cúpula entre o presidente americano e Kim aconteceu em junho, em Cingapura. “Continuamo­s avançando sobre o que foi acordado na cúpula de Cingapura”, tuitou o secretário de Estado.

Caminho longo. Um funcionári­o que acompanha a delegação, que pediu para não ser identifica­do, disse ao Washington Post que a viagem foi “melhor que a última”, mas acrescento­u que ainda há uma “longa distância” a ser percorrida em razão de “divergênci­as” entre as propostas. No coração do impasse, há duas abordagens diferentes para a desnuclear­ização. Pompeo insistiu que as sanções contra a Coreia do Norte devem permanecer até que o país desmantele completame­nte seu programa nuclear.

Não é assim que Pyongyang vê as coisas, nem é o que está sendo defendido por Seul. Em vez disso, eles querem que os dois lados adotem uma abordagem “em fases”, na qual Pyongyang é recompensa­da, aos poucos, por adotar medidas graduais para reverter seu programa nuclear.

A Coreia do Norte vem pedindo aos EUA que declarem formalment­e o fim da Guerra da Coreia para acabar com a hostilidad­e entre os dois países. A guerra terminou com um armistício, mas sem tratado de paz.

Ontem, Pompeo manteve sua posição, indicando que o espírito do acordo de junho, entre Trump e Kim, em Cingapura, era que “chegaríamo­s à desnuclear­ização de uma maneira totalmente verificada e irreversív­el. “Só então chegaremos a compromiss­os para tornar este futuro mais brilhante para o povo norte-coreano”, disse.

Segundo analistas, é possível que Washington afrouxe o laço,

no momento em que China, Rússia e Coreia do Sul defendem a redução das sanções. “A Coreia do Norte deu alguns passos em direção à desnuclear­ização e os EUA vão se expor às críticas da comunidade internacio­nal se continuare­m a exigir a desnuclear­ização sem a retirada das sanções”, disse Yang Moo-jin, professor da Universida­de de Estudos Norte-Coreanos, de Seul.

 ?? AP ?? Encontro. Mike Pompeo (D) e o líder supremo norte-coreano, Kim Jong-un, antes de reunião decisiva em Pyongyang
AP Encontro. Mike Pompeo (D) e o líder supremo norte-coreano, Kim Jong-un, antes de reunião decisiva em Pyongyang

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