O Estado de S. Paulo

JUDEUS ALEMÃES REAGEM A GRUPO EXTREMISTA

Comunidade judaica critica facção criada em partido de extrema direita

- / REUTERS e AFP

Omaior partido de extrema direita alemão, o Alternativ­a para a Alemanha (AfD), ganhou um apoio inesperado ontem. Apesar do histórico de comentário­s antissemit­as feitos pelos membros do partido e da banalizaçã­o do Holocausto, cerca de 20 judeus alemães se reuniram ontem para lançar seu próprio grupo dentro do partido, chamando a si mesmos de “Judeus na AfD”.

O movimento causou reação da comunidade judaica na Alemanha. Em Frankfurt, 250 judeus protestara­m contra a nova facção da AfD. Diversas organizaçõ­es judaicas também criticaram os extremista­s. Ontem, o grupo se defendeu e garantiu que seu alvo é o islamismo, que seria incompatív­el com a Constituiç­ão alemã. “Não somos uma organizaçã­o religiosa, somos uma organizaçã­o política”, disse o líder do Judeus da AfD, Wolfgang Fuhl.

Ele disse que as pessoas que desejam se juntar ao grupo devem atender a dois quesitos: ser membro da AfD e ter associação étnica ou religiosa com a fé judaica. Vinte novas pessoas se associaram ao grupo no evento de ontem.

A AfD entrou no Parlamento alemão pela primeira vez nas eleições do ano passado, recebendo apoio de um grande número de eleitores irritados com a decisão da chanceler Angela Merkel de receber, em 2015, cerca de 1 milhão de refugiados. O sucesso do movimento causou preocupaçã­o nas autoridade­s israelense­s e em grupos judaicos na Europa e nos Estados Unidos.

Rogers Brubaker, professor de sociologia da Universida­de da Califórnia e especialis­ta em nacionalis­mo e populismo, disse à revista The Atlantic não ter ficado surpreso ao ver um pequeno número de judeus alemães apoiando a AfD. “O anti-islamismo tornou-se um marco para partidos anti-imigração da direita radical em toda a Europa nos últimos 15 anos”, disse ele. “A lógica é que o inimigo do meu inimigo é meu amigo.”

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil