Resultados forçam o tema sobre agenda dos presidenciáveis
Éuma coincidência interessante que o novo relatório do IPCC seja divulgado no momento em que o Brasil conhece os resultados das urnas. Assunto pouco ou nada tratado nesta eleição, as mudanças climáticas podem se impor como realidade para os futuros governantes.
A começar pelo cumprimento dos compromissos firmados pelo Brasil junto ao Acordo de Paris. O novo presidente precisará estabelecer os caminhos para cumprir a meta de reduzir nossas emissões em 43% até 2030. Uma das maneiras que o governo disse que vai conseguir isso é com a redução do desmatamento da Amazônia.
O novo relatório do IPCC, ao reforçar a importância de manter o aquecimento ao menor nível possível, lembra que as metas estabelecidas por cada país já são insuficientes para sequer segurar o aumento da temperatura em 2°C – que dirá em 1,5°C. E se alguém não fizer sua parte, os esforços ficarão ainda mais prejudicados.
Essa ameaça já foi posta pelos EUA, quando o presidente Donald Trump anunciou que vai tirar o país do acordo. No Brasil, o primeiro colocado no primeiro turno, o candidato Jair Bolsonaro (PSL), também sinalizou essa intenção. Em entrevistas, ele diz que o Brasil teria de “pagar um preço caro” para atender as exigências e que a soberania do País está em jogo. O segundo colocado, Fernando Haddad (PT), traz vários pontos sobre isso em seu plano de governo, como instituir uma política de transição para economia de baixo carbono.
Pesquisadores brasileiros que participaram do relatório frisam o impacto de o Brasil sair do acordo. “Ter um país em desenvolvimento fazendo o papelão que Trump fez é ruim e poderia puxar com ele outros países, como México e África do Sul”, diz Roberto Schaeffer, da UFRJ. “Seria o maior retrocesso ambiental do Brasil”, resume José Marengo, do Inpe.