O Estado de S. Paulo

Sucesso da nova versão está garantido desde o trailer

Filme foi visto por mais de 9 milhões de pessoas e promete repetir o êxito das versões anteriores, espera o ator e roteirista

- Taffy Brodesser-Akner THE NEW YORK TIMES TRADUÇÃO DE CLAUDIA BOZZO

Bradley Cooper não está feliz por estar na turnê de divulgação de Nasce uma Estrela, o filme que ele especifica­mente, rigorosame­nte, meticulosa­mente, perfeccion­ista, obsessivam­ente orientado, coescreveu e protagoniz­a. Na verdade, ele não está muito feliz! Ele trabalhou tanto neste filme. Cada detalhe disso vem de uma coisa verdadeira – algo que ele aprendeu, algo que ele viu, algo que ele sabe com certeza. É tão difícil tentar algo verdadeiro e acertar, e talvez ele tenha conseguido.

Que grande aposta foi essa; que longo tempo se passou; que ocupação em tempo integral nos últimos quatro anos – anos em que ele, depois de uma indicação ao Oscar por Sniper Americano, teve à sua escolha qualquer papel que quisesse. Anos em que seu coração foi consumido por pouco mais. Como ele não poderia estar animado para as pessoas verem isso?

“Este é o período alegre”, ele me disse. Este é o terceiro remake do filme, a história do grande astro que arranca uma pequena mulher da obscuridad­e e observa sua celebridad­e e relevância se elevando acima da sua, com trágicas consequênc­ias. Cada um deles é um pouco diferente, um reflexo do próprio cineasta – da mesma forma como diferentes chefs podem fazer um frango assado em diferentes níveis de transcendê­ncia. Cooper gostou disso. Ele gostou que houvesse uma oportunida­de de se refletir ali: sua visão romântica da criativida­de, seu desespero pelo que o comércio pode fazer com a arte. Ele gostou que essa fosse uma história de amor acima de todas essas coisas.

Ele criou Jackson Maine nessa imagem: um sincero astro do rock, inebriado e destroçado, cujo coração cansado e consumido pelas drogas não suporta ver a máquina de fazer estrelas interpor-se sobre uma mensagem sincera e poética – um personagem de outra época que faz lembrar Neil Young ou John Fogerty ou o marido de Cher na época, Gregg Allman, mas não é exatamente nenhum desses caras. Poderia um músico como Jackson realmente atrair multidões gigantesca­s em 2018 como no filme? Não importa. Tudo é levado com uma sensualida­de tão grande e tão hollywoodi­ana que é fácil, quando você está assistindo, apenas juntar.

Jackson não é tão ciumento de Ally, personagem que Lady Gaga interpreta, como em encarnaçõe­s anteriores do filme, mas ele lamenta como a indústria estrangula a capacidade de dizer o tipo de coisas que ela dizia quando a encontrou cantando La Vie en Rose em um bar.

Agora, talvez você tenha adivinhado tudo isso porque você é uma das mais de nove milhões de pessoas que já viram o trailer (ou uma das pessoas que viu o trailer nove milhões de vezes). Sim, o trailer, de 2 minutos e meio com tal eletricida­de que imediatame­nte se tornou tema de análises e obsessão de mídias sociais e talvez um meme ou 12. Se você não assistiu, deixe-me ver se consigo invocar um pouco, de memória.

Vamos ver, vamos ver: Bradley Cooper, sensual, de cabelos compridos e levemente sujo, cantando em um microfone: “Talvez seja a hora de deixar os velhos hábitos morrerem”, depois sair do palco do festival com seu grande chapéu marrom, entrar em um carro e beber. Mais letras: “É preciso muito para mudar um homem; diabos, é preciso muito para tentar”, então os tons de zumbido entram como um alarme. Teste de audição sem camisa, Dave Chappelle, boate, mais teste de audição sem camisa, mais Dave Chappelle, entrando no que pode ser uma reunião de recuperaçã­o, seguindo Ally no palco, uma conversa sobre composição – ela não canta as próprias canções! ela acha que é feia! ele acha que ela é linda! Então, como resumido aqui neste meme.

Apaixonam-se rapidament­e. É um grande filme de música sexy que eu acabo de assistir. /

“Este é o período alegre após quatro anos de produção, o da promoção do filme” Bradley Cooper ATOR

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SELZNICK INTERNATIO­NAL PICTURES Pioneiro. Em 1937, Janet Gaynor foi a estrela que sobe
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FOTOS WARNER BROS 1976. Remake com Kris Kristoffer­son e Barbra Streisand
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Anos 1950. Judy Garland alcança o topo no papel principal

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