Urnas barram filhos de investigados
No Rio, Danielle Cunha, Marco Antônio Cabral e Leonardo Picciani ficaram de fora da Câmara; no Paraná, Marcello Richa perdeu disputa
Filhos de políticos alvo da Lava Jato e de outras investigações acabaram barrados nas urnas no domingo. Amargaram derrotas Danielle Cunha (MDB), filha do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, preso em Curitiba desde outubro de 2016, Marco Antônio Cabral (MDB), filho do ex-governador do Rio Sérgio Cabral (MDB), condenado a 183 anos de reclusão e preso desde novembro de 2016. Danielle e Maco Antônio disputavam uma cadeira na Câmara dos Deputados.
Ainda no Rio, não conseguiu se eleger Leonardo Picciani (MDB), filho de Jorge Picciani (MDB), presidente afastado da Assembleia Legislativa e que chegou a ser preso em 2017, alvo da Operação Cadeia Velha. Leonardo, ex-ministro do Esporte durante o governo Michel Temer, também tentava uma vaga na Câmara.
Para o cientista político Ricardo Ismael, professor da PUCRio, essa eleição encerrou o ciclo do MDB no Estado. “Ainda que o filho do Cabral, a filha do Cunha e o filho do Picciani tenham tido vantagem, recebendo bastante dinheiro dentro do partido, há uma rejeição que está muito presente na cabeça das pessoas”, afirmou.
Outro barrado nas urnas foi Marcelo Crivella Filho (PRB), filho do prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRP). Crivella Filho também não conseguiu uma cadeira no Legislativo – obteve 35.677 votos e terminou na sexto colocação do PRB.
A deputada federal Cristiane Brasil (PTB-RJ), filha do ex-deputado Roberto Jefferson, também não se reelegeu. No Paraná, Marcello Richa (PSDB), filho do ex-governador tucano Beto Richa, não foi eleito deputado estadual. Beto Richa foi preso no dia 11 de setembro, durante a campanha eleitoral, alvo de duas operações. Candidato ao Senado, não foi eleito.
Eleitos. Nem todos os herdeiros, porém, foram rejeitados. O petista Zeca Dirceu, filho de José Dirceu, condenado na Lava Jato, foi eleito deputado federal pelo Paraná. Renan Filho (MDB) foi reeleito governador de Alagoas. Tanto ele quanto seu pai, Renan Calheiros (MDB-AL), reeleito no Senado, respondem a inquéritos com base em delações da Odebrecht.
Dois filhos de Anthony Garotinho (PRP), ele próprio barrado pelo TSE da disputa pelo governo do Rio, conseguiram se eleger deputados federais: Clarissa Garotinho (PROS) e Wladimir Garotinho (PRP).