O Estado de S. Paulo

Centrão se divide entre Bolsonaro e Haddad

Bloco partidário que foi disputado por diversas candidatur­as no 1º turno agora opta por lados diferentes

- Felipe Frazão Camila Turtelli / BRASÍLIA

Ex-aliado do tucano Geraldo Alckmin, o Centrão – bloco formado por DEM, PP, PR, PRB e Solidaried­ade – rachou no segundo turno da disputa entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT). Enquanto PP e PR estão divididos internamen­te entre os presidenci­áveis por causa de interesses e alianças regionais de seus parlamenta­res, DEM e PRB darão apoio majoritári­o a Bolsonaro, polo oposto ao do Solidaried­ade, cuja base sindical fez o partido preferir Haddad.

O acordo de unidade no Centrão visava ao fortalecim­ento para emplacar um aliado na Presidênci­a e se manter no comando da Casa a partir de 2019 – na prática, o grupo possui integrante­s de outros partidos, embora não esteja constituíd­o como bloco formal, com líder eleito pelos demais da bancada. O cabeça do Centrão é Rodrigo Maia (DEMRJ), que costurava sua recondução à presidênci­a da Câmara.

Apoios. O PP, o PR e o PRB comunicara­m ontem a decisão de, oficialmen­te, adotar uma postura de neutralida­de e liberar seus filiados para fazer campanha em prol do presidenci­ável que cada um desejar. “O Progressis­tas adotará uma postura de absoluta isenção e neutralida­de no segundo turno. Faz convicto de que essa é a melhor contribuiç­ão que pode oferecer ao debate, em que os cidadãos e cidadãs demonstrar­am querer se ater a um olhar aos projetos e às personas dos candidatos, deixando todas as demais variáveis em segundo plano”, disse o senador Ciro Nogueira (PI), presidente do PP, em nota. No comando do PR, o ex-deputado Valdemar Costa Neto, condenado no mensalão, comunicou aos parlamenta­res sobre a decisão de neutralida­de. “Valdemar já autorizou a liberação em todos os Estados. Cada parlamenta­r apoia quem achar que deve”, disse ao Estado o líder do PR na Câmara, deputado José Rocha (BA).

O DEM e o Solidaried­ade pretendem fazer hoje anúncio formal semelhante, embora, haja maiorias opostas nessas legendas. “Eu acho que tem gente de todo lado, uma maioria pró Haddad. Mas acho que o melhor caminho para o partido é liberar. A ideia que eu tenho é encaminhar a proposta de liberar. Quem quiser ajudar o Haddad vai ajudar, sem ter obrigação de apoiá-lo”, disse o presidente Solidaried­ade, deputado Paulinho da Força (SP). A Força Sindical, principal base do Solidaried­ade, vai apoiar Haddad, ao lado de outras centrais sindicais.

Como o DEM, historicam­ente, faz oposição ao PT, a tendência é de que a maior parte dos filiados com mandato e militantes do partido siga em campanha por Bolsonaro, como muitos já fizeram. É o caso da líder da Frente da Agropecuár­ia, Tereza Cristina (MS), e de Onyx Lorenzoni (RS), coordenado­r da campanha do candidato do PSL à revelia do DEM, e do líder da bancada da bala, Alberto Fraga (DF).

O líder do PRB, deputado Celso Russomanno, terceiro mais votado em São Paulo, gravará vídeo de apoio a pedido do presidenci­ável. A sigla possui vínculos com a Igreja Universal, cujo líder religioso, bispo Edir Macedo, já declarou voto em Bolsonaro.

 ?? :DIDA SAMPAIO/ESTADÃO ?? Sem lado. O PP de Ciro Nogueira adota neutralida­de
:DIDA SAMPAIO/ESTADÃO Sem lado. O PP de Ciro Nogueira adota neutralida­de

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil