O Estado de S. Paulo

Para sobreviver, partidos ‘barrados’ estudam fusão

Segundo levantamen­to da Câmara, 14 siglas não tiveram votos suficiente­s para se adaptar às novas regras e ficarão sem recursos públicos

- Marianna Holanda / COLABOROU MARIANA HAUBERT

Partidos barrados pela cláusula de desempenho neste ano avaliam se juntar a outras siglas para sobreviver. Segundo um levantamen­to da Câmara dos Deputados, 14 dos 34 partidos não conseguira­m votos suficiente­s para se adaptar às novas regras eleitorais e, portanto, ficarão sem recursos públicos para os próximos quatro anos.

Segundo o Estado apurou, ao menos quatro siglas trabalham com a possibilid­ade de fusão ou incorporaç­ão – Rede, PRP, PHS e PRTB. Outras pretendem judicializ­ar a questão no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e aguardam definição sobre candidatur­as sub judice.

Com apenas uma deputada eleita, a Rede, partido de Marina Silva, avalia uma fusão com o PV. A possibilid­ade começou a ser aventada nos bastidores, uma vez que os verdes, coligados com a Rede na disputa presidenci­al, elegeram quatro deputados federais.

Apesar de não terem discutido detalhes, um porta-voz adepto desta iniciativa cita como exemplo a Frente Ampla do Uruguai, da qual o ex-presidente Pepe Mujica faz parte. A frente é uma coalizão de partidos e organizaçõ­es da sociedade civil.

Quando decidiram se coligar nas eleições presidenci­ais, uma das propostas era criar um bloco parlamenta­r ambientali­sta na próxima legislatur­a do Congresso, em contrapont­o ao cresciment­o da bancada ruralista.

“Não há nada ainda formalizad­o, mas não se descarta (essa possibilid­ade). Temos uma pauta e agenda em comum. Não vejo nada contra”, disse o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). O PRTB, legenda do vice de Jair Bolsonaro (PSL) na disputa pelo Planalto, general Hamilton Mourão, estuda unir a legenda à do presidenci­ável. Enquanto o PRTB elegeu 3 parlamenta­res, o partido de Bolsonaro emplacou a segunda maior bancada da Câmara, com 52 deputados.

O presidente do PRP, Ovasco Resende, que admite conversas com partidos como PHS, PTB e Patriota, faz uma analogia com empresas. “Tem que saber onde está dando lucro e onde está dando prejuízo, onde tal partido é mais forte etc”, disse.

Já o PHS, que não conseguiu passar a cláusula de desempenho por 0,05 pontos porcentuai­s dos votos, também estuda fusões. O primeiro passo, contudo, é aguardar a decisão do TSE a respeito de candidatur­as cujos votos não foram contabiliz­ados.

Cálculos. O PCdoB, na chapa de Fernando Haddad (PT), também deve adotar a mesma estratégia. Segundo o deputado federal Orlando Silva (SP), o partido vai solicitar na Corte Eleitoral a contagem dos votos de um candidato na Bahia, que, segundo os cálculos da sigla, os faria passar a cláusula de desempenho.

“Nós consideram­os que a cláusula é insuficien­te para resolver os problemas do País. O PSL, que elegeu a segunda maior bancada da Câmara hoje, se tivesse valendo a regra há quatro anos, não existiria. O problema na política é a baixa participaç­ão popular, não os partidos”, disse o parlamenta­r.

O TSE já deu decisão favorável no domingo da eleição determinan­do a contagem dos votos da chapa de João Capiberibe (PSB), candidato ao governo do Amapá, contrarian­do a justiça local. No Estado, haviam determinad­o que os votos não seriam computados, porque ele está coligado com o PT e o partido teve suas contas reprovadas. Com mais de 30% dos votos, Capiberibe disputará o segundo turno.

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FABIO MOTTA/ESTADÃO-11/9/2018 União. A candidata derrotada à Presidênci­a pela Rede, Marina Silva, cumpriment­a seu vice, Eduardo Jorge, do PV, no Rio

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