O Estado de S. Paulo

Em busca de economista­s

Núcleo duro da campanha quer atrair para postos do governo e estatais gestores já testados na iniciativa privada e aprovados pelo mercado

- Renata Agostini Mônica Scaramuzzo /COLABORARA­M RENATA BATISTA e CONSTANÇA REZENDE, DO RIO

A equipe de Paulo Guedes, principal assessor de Bolsonaro na área econômica, quer atrair economista­s de campanhas de rivais que saíram da disputa para reforçar o time. Leandro Piquet e Cláudio Frischtak foram sondados.

Com o avanço da campanha presidenci­al para o segundo turno, Paulo Guedes e o núcleo duro da equipe econômica do candidato do PSL Jair Bolsonaro intensific­aram movimentos para reforçar o time que elabora o plano de governo e que pode vir a ocupar a Esplanada dos Ministério­s no ano que vem. Integrante­s da cúpula de Bolsonaro já procuraram economista­s que colaborara­m nas campanhas de rivais, como Leandro Piquet, que participou do programa de Geraldo Alckmin (PSDB), e Cláudio Frischtak, que ajudou a estruturar os planos de Marina Silva (Rede).

Coordenado­r do programa econômico de Bolsonaro e apontado como futuro ministro da Economia, Guedes acalenta o desejo de atrair para postos do governo e estatais gestores já testados na iniciativa privada e com o carimbo do mercado financeiro. Segundo uma fonte da equipe, Guedes quer liderar “um grande movimento de executivos de mercado em direção ao governo federal”, plano que tem animado os colaborado­res.

Executivos e economista­s com quem Guedes mantém conversas frequentes e tem boa relação – e entusiasmo com o projeto de Bolsonaro – são vistos como possíveis “aquisições” para a equipe. No grupo de executivos estão Paulo Guimarães, sócio da Brasil Plural, Alexandre Bettamio, do Bank of America Merrill Linch, Roberto Campos Neto, do Santander, e João Cox Neto, presidente do conselho administra­tivo da TIM. Procurados, eles não quiseram conceder entrevista.

Apesar de não estarem oficialmen­te no time de campanha, Bettamio e Guimarães já indicaram apoio a Jair Bolsonaro a colegas no mercado financeiro e em reuniões, segundo duas fontes ouvidas pelo Estado.

Sócio-fundador e presidente do conselho da Localiza, Salim Mattar, e o presidente do conselho de administra­ção da TIM, João Cox, são dois executivos com experiênci­a em gestão que também mantêm contato com Guedes e já manifestar­am interesse em contribuir. Cox tem mantido conversas informais e não descarta fazer parte do “dream team” de Guedes, segundo fontes.

Todos esses nomes são avaliados por Guedes como “excelentes”, mas não há convite formal ou definição de quais cargos, caso confirmado­s, ocupariam num eventual governo. Por um lado, há avaliação positiva por parte de Guedes de diversos nomes da atual administra­ção, caso de Ilan Goldfajn no Banco Central, de Paulo Caffarelli no Banco do Brasil, de Wilson Ferreira Júnior na Eletrobrás. Por outro, não houve conversas sobre esse arranjo com Bolsonaro. Fontes graduadas da campanha entendem que ele pode eventualme­nte vetar nomes que tenham identifica­ção com governos do PT ou com figuras do PSDB.

Rivais. Além das conversas com executivos de mercado, integrante­s da equipe de Bolsonaro também estão de olho em economista­s que estavam em campanhas rivais, mas que agora podem ajudar no plano do candidato do PSL. O Estado apurou que foram feitos contatos com Cláudio Frischtak , consultor que colaborava com Marina Silva, e Leandro Piquet, economista da USP que fazia parte da equipe de Alckmin. Os bolsonaris­tas têm interesse em tê-los no debate, mas eles não aderiram ainda formalment­e ao grupo.

Piquet foi procurado esta semana por parte da equipe econômica do Bolsonaro, afirmam fontes a par do assunto. Integrante­s de Bolsonaro teriam manifestad­o interesse em detalhar e aprofundar os aspectos técnicos das propostas coordenada­s por Piquet a Alckmin.

Frischtak, que contribuiu de forma mais estruturad­a na campanha de Marina, não se recusaria ajudar no sentido de debater propostas de interesse público, apurou a reportagem.

Sem detalhar nomes. Em conversa com jornalista­s ontem, Paulo Guedes não quis antecipar os potenciais integrante­s da futura equipe econômica. O economista reafirmou a preponderâ­ncia da política sobre a economia. “De economista está cheio. A gente está sentindo falta de lideranças políticas”, respondeu. Segundo ele, a política está ditando o jogo.

“A eleição está sendo decidida em termos de princípios e valores”, disse Guedes. “Todos os economista­s estão dizendo que precisa fazer a reforma da Previdênci­a, todos dizem que precisa atacar o déficit público, que precisa de privatizaç­ões, uns mais, outros menos. Não está aí a questão”, declarou.

Com um discurso alinhado ao do candidato do PSL, o economista disse que o descontrol­e de gastos estagnou a economia e corrompeu a política. Mesmo defendendo um governo “liberal-democrata”, em oposição aos “30 anos de governos social-democratas”, abriu espaço no discurso para observaçõe­s de cunho social.

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MAURO PIMENTEL / AFP Em formação. Integrante­s da campanha de Jair Bolsonaro buscam nomes que possam compor a equipe do novo governo
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NA WEB Guia do voto. Veja as propostas dos 2 candidatos estadao.com.br/e/votacao

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