O Estado de S. Paulo

Teses dos generais mostram influência da geopolític­a

- Marcelo Godoy

As monografia­s na Escola de Comando e Estado-Maior dos generais que acompanham Jair Bolsonaro mostram a influência da geopolític­a na formação desses oficiais. Aléssio Ribeiro Souto estudou novas tecnologia­s que deviam ser desenvolvi­das no País. Seu trabalho defende obrigar as empresa beneficiad­as por medidas governamen­tais a investir em pesquisa científica. Pede a concessão de benefícios para que empresas possam “penetrar no mercado internacio­nal” e a criação de centros integrados de empresas, universida­des e governo. “É imperioso considerar Ciência e Tecnologia mais uma expressão do Poder Nacional”, escreveu.

Oswaldo de Jesus Ferreira dedicou-se a estudar a matriz energética da América Latina. Preocupado em aproveitar melhor os recursos hídricos e evitar “desflorest­amentos”, ele defendeu em 1991 a necessidad­e de o País ampliar a exploração de petróleo em águas profundas. Augusto Heleno Ribeiro Pereira escreveu sobre a Guerra do Chaco, entre a Bolívia e o Paraguai, e a influência estrangeir­a no conflito.

Um ponto em comum une os trabalhos: a análise de como os processos políticos e as caracterís­ticas geográfica­s influencia­m as relações de poder entre as nações e a sociedade. São todos ligados à geopolític­a pensada por generais como Carlos de Meira Matos e Golbery do Couto e Silva. Não é à toa que o general Aléssio concluía então que, entre as estratégia­s necessária­s para desenvolve­r tecnologia­s de ponta no País, estava a de “mobilizar a vontade nacional”. Não dizia, em sua tese, como. Hoje o staff de Bolsonaro já sabe o jeito de fazer isso: por meio das redes sociais.

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