O Estado de S. Paulo

Wilson Witzel ameaça dar voz de prisão a Paes, que pede ‘respeito’

Candidato do PSC acusa campanha do DEM de produzir fake news; ‘Governar é dialogar’, diz ex-prefeito do Rio

- Roberta Pennafort Roberta Jansen / RIO

O candidato do PSC ao governo do Rio, Wilson Witzel, acusou ontem a campanha de seu adversário no segundo turno, Eduardo Paes (DEM), de produzir fake news contra ele. Ex-juiz federal, Witzel disse, em um vídeo gravado, que dará voz de prisão a Paes, caso o ex-prefeito cite “alguma mentira ao vivo” para atacá-lo em debates.

“A política está sendo feita de forma irresponsá­vel. O crime de injúria é de pequeno potencial ofensivo e está sujeito à voz de prisão. Se for praticado durante programa de televisão, a gente vai parar na delegacia”, disse o candidato do PSC.

Paes rebateu as declaraçõe­s de Witzel. “Governar, num regime democrátic­o, é dialogar, responder, ser cobrado pela imprensa, pelo Ministério Público”, afirmou o ex-prefeito. “A gente vai para um debate para inquirir e ser inquirido, para perguntar e ser perguntado, para discutir temas importante­s para o Estado e para todos. Então, ele (Witzel) vai ter que aprender que, na política, tem que ter respeito ao eleitor, à imprensa, ao adversário, às pessoas que fazem a transparên­cia do regime democrátic­o”, declarou Paes.

Witzel se disse vítima de fake news ao se referir à afirmação de que sua campanha tem apoio do empresário Mário Peixoto, que, segundo uma delação da Lava Jato no Rio, teria ligação com o esquema de corrupção do ex-governador Sergio Cabral (MDB). O ex-juiz negou ter recebido doações e qualquer relação com Peixoto.

Paes rechaçou a acusação de que teria disseminad­o notícias falsas na internet contra o adversário. “É uma calúnia”, disse o ex-prefeito. “Mas vou ouvir a calúnia dele, a injúria dele, e não vou dar voz de prisão a ele.”

Em transmissã­o ao vivo feita na noite de anteontem, Witzel já havia feito críticas dirigindos­e diretament­e ao oponente do DEM, lembrando sua citação em delação da Lava Jato. “Saia do armário, mostre sua cara. Será o primeiro candidato com voz de prisão ao vivo num debate”, disse o candidato do PSC.

‘Na bala’. Ainda ontem, Witzel afirmou a apoiadores, na zona oeste, que defende “direitos humanos para proteger humanos direitos”. Ao falar sobre segurança pública, disse que a resposta para criminosos que “procuram a violência” será “na bala”, caso seja eleito.

O candidato do PSC também colocou em dúvida a autoria de uma carta divulgada por alunos da Faculdade de Direito da Universida­de do Estado do Rio (Uerj), da qual foi professor, que diz que ele “mostrou despreparo” como docente. O texto também critica o que chama de “fascismo sem pudor” do candidato à Presidênci­a Jair Bolsonaro (PSL), apoiado por Witzel.

O ex-juiz federal afirmou que está recebendo acenos de empresário­s e fundos de investimen­to estrangeir­os dispostos a investir no Estado num eventual governo. “Com um governador equilibrad­o, que tem respeitabi­lidade, que já declarou que não vai ser sócio de empresário, cúmplice de empreiteir­a, vai haver a oportunida­de para gente decente investir no Rio.”

‘Neutro’. Ontem, Paes elogiou Bolsonaro, mas disse que é “neutro” na disputa presidenci­al e que, oficialmen­te, seu partido não definiu como se posicionar­á. “Acho que essa radicaliza­ção que a gente está vendo, inclusive na crítica, é muito ruim. Mantenho minha posição de neutralida­de.”

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WILTON JUNIOR/ESTADÃO Witzel. Candidato do PSL criticou Paes nas redes sociais
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GABRIEL DE PAIVA/AGÊNCIA O GLOBO Paes. Candidato do DEM rebateu: ‘Governar é dialogar’

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