Wilson Witzel ameaça dar voz de prisão a Paes, que pede ‘respeito’
Candidato do PSC acusa campanha do DEM de produzir fake news; ‘Governar é dialogar’, diz ex-prefeito do Rio
O candidato do PSC ao governo do Rio, Wilson Witzel, acusou ontem a campanha de seu adversário no segundo turno, Eduardo Paes (DEM), de produzir fake news contra ele. Ex-juiz federal, Witzel disse, em um vídeo gravado, que dará voz de prisão a Paes, caso o ex-prefeito cite “alguma mentira ao vivo” para atacá-lo em debates.
“A política está sendo feita de forma irresponsável. O crime de injúria é de pequeno potencial ofensivo e está sujeito à voz de prisão. Se for praticado durante programa de televisão, a gente vai parar na delegacia”, disse o candidato do PSC.
Paes rebateu as declarações de Witzel. “Governar, num regime democrático, é dialogar, responder, ser cobrado pela imprensa, pelo Ministério Público”, afirmou o ex-prefeito. “A gente vai para um debate para inquirir e ser inquirido, para perguntar e ser perguntado, para discutir temas importantes para o Estado e para todos. Então, ele (Witzel) vai ter que aprender que, na política, tem que ter respeito ao eleitor, à imprensa, ao adversário, às pessoas que fazem a transparência do regime democrático”, declarou Paes.
Witzel se disse vítima de fake news ao se referir à afirmação de que sua campanha tem apoio do empresário Mário Peixoto, que, segundo uma delação da Lava Jato no Rio, teria ligação com o esquema de corrupção do ex-governador Sergio Cabral (MDB). O ex-juiz negou ter recebido doações e qualquer relação com Peixoto.
Paes rechaçou a acusação de que teria disseminado notícias falsas na internet contra o adversário. “É uma calúnia”, disse o ex-prefeito. “Mas vou ouvir a calúnia dele, a injúria dele, e não vou dar voz de prisão a ele.”
Em transmissão ao vivo feita na noite de anteontem, Witzel já havia feito críticas dirigindose diretamente ao oponente do DEM, lembrando sua citação em delação da Lava Jato. “Saia do armário, mostre sua cara. Será o primeiro candidato com voz de prisão ao vivo num debate”, disse o candidato do PSC.
‘Na bala’. Ainda ontem, Witzel afirmou a apoiadores, na zona oeste, que defende “direitos humanos para proteger humanos direitos”. Ao falar sobre segurança pública, disse que a resposta para criminosos que “procuram a violência” será “na bala”, caso seja eleito.
O candidato do PSC também colocou em dúvida a autoria de uma carta divulgada por alunos da Faculdade de Direito da Universidade do Estado do Rio (Uerj), da qual foi professor, que diz que ele “mostrou despreparo” como docente. O texto também critica o que chama de “fascismo sem pudor” do candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL), apoiado por Witzel.
O ex-juiz federal afirmou que está recebendo acenos de empresários e fundos de investimento estrangeiros dispostos a investir no Estado num eventual governo. “Com um governador equilibrado, que tem respeitabilidade, que já declarou que não vai ser sócio de empresário, cúmplice de empreiteira, vai haver a oportunidade para gente decente investir no Rio.”
‘Neutro’. Ontem, Paes elogiou Bolsonaro, mas disse que é “neutro” na disputa presidencial e que, oficialmente, seu partido não definiu como se posicionará. “Acho que essa radicalização que a gente está vendo, inclusive na crítica, é muito ruim. Mantenho minha posição de neutralidade.”