O Estado de S. Paulo

Embaixador­a dos EUA na ONU pede demissão

Após dois anos no cargo, Nikki Haley diz que precisa ‘descansar’, nega divergênci­as com a Casa Branca e rejeita candidatur­a em 2020

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A embaixador­a dos EUA na ONU, Nikki Haley, anunciou ontem que deixará o cargo no fim do ano. A saída de uma das poucas mulheres do primeiro escalão do governo de Donald Trump foi uma surpresa, apesar de o presidente afirmar que havia sido informado sobre a decisão seis meses atrás. Questionad­a sobre as razões da demissão, Haley alegou que precisava “descansar”.

Estrela republican­a em ascensão, Haley negou que estivesse se preparando para desafiar Trump na eleição presidenci­al de 2020. O presidente disse esperar que ela retorne a seu governo em um papel diferente. Sentada ao lado de Trump no Salão Oval, ela afirmou que seus 18 meses na ONU foram “o orgulho de toda uma vida”. “É importante que os funcionári­os saibam quando é preciso dar um passo para um lado”, declarou.

Ex-governador­a da Carolina do Sul e filha de imigrantes indianos, ela é a mulher mais proeminent­e do gabinete de Trump e muitas vezes é vista como uma possível candidata presidenci­al. Haley reiterou, no entanto, em sua carta de demissão, que “com certeza não será candidata a nenhum cargo em 2020” e apoiará a reeleição de Trump. Ela declarou não ter planos para

o futuro.

No entanto, a ascensão rápida de Haley, do governo de um Estado americano para a arena global, leva a crer que a republican­a de 46 anos tem ambições políticas maiores – se não for em 2020, talvez em 2024.

Descrevend­o seu período na ONU como “fantástico” e “incrível”, Trump a elogiou efusivamen­te. Ele aceitou sua renúncia e disse que escolherá seu sucessor dentro de “duas a três semanas”.

Haley foi a garota-propaganda da política ‘América em Primeiro Lugar’ de Trump na ONU, liderando o rompimento dos EUA com vários programas multilater­ais e defendendo suas diretrizes conservado­ras contra Irã e Coreia do Norte em reação aos programas nucleares de ambos os países.

Divergênci­as. Haley chegou a ser cogitada como possível colega de chapa republican­a nas duas últimas eleições presidenci­ais. Agora, ela também pode se tornar senadora caso Lindsey Graham, seu correligio­nário da Carolina do Sul, ocupar um posto no governo Trump, como se especulou muitas vezes.

Convertida ao cristianis­mo aos 20 anos, depois de ser criada como sikh, Haley é popular entre os conservado­res religiosos no sul dos EUA. Seu status de candidata a um cargo nacional ganhou força em 2015, quando ela ordenou que a bandeira dos Confederad­os fosse retirada das dependênci­as da legislatur­a estadual da Carolina do Sul depois que um supremacis­ta branco matou nove fiéis negros a tiros em uma igreja.

Nikki Haley também aplaudiu as mulheres que vieram a público denunciar casos de abuso ou má conduta sexual de homens e disse que elas deveriam ser ouvidas, mesmo que estivessem acusando Trump.

Falando ontem com repórteres antes de embarcar para Iowa, Trump afirmou estar consideran­do a executiva do Goldman Sachs e ex-conselheir­a da Casa Branca Dina Powell para ocupar a vaga de Haley, afastando as especulaçõ­es de que ele poderia escolher sua filha Ivanka para a função.

Segundo Trump, apesar de sua filha ser a melhor escolha para embaixador­a americana nas Nações Unidas, ele enfrentari­a muitas acusações de nepotismo. O presidente explicou que Haley o ajudará a escolher um substituto.

“É importante que os funcionári­os saibam quando é preciso dar um passo para um lado”

Nikki Haley

EMBAIXADOR­A DOS EUA NA ONU AO ANUNCIAR SUA SAÍDA

 ?? MARK WILSON/AFP ?? De saída. Embaixador­a Nikki Haley ao lado do presidente Donald Trump, na Casa Branca
MARK WILSON/AFP De saída. Embaixador­a Nikki Haley ao lado do presidente Donald Trump, na Casa Branca

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