O Estado de S. Paulo

A vez da superação

- ANTERO GRECO E-MAIL: ANTERO.GRECO@ESTADAO.COM TWITTER: @ANTEROGREC­O

Caro leitor destas mal traçadas frases que duas vezes por semana ocupam espaço nobre no Estadão, não há como negar que, no papel, o Cruzeiro é melhor do que o Corinthian­s. Mano Menezes tem elenco mais variado e de qualidade superior à do rival Jair Ventura. Há dois anos no cargo, contra nem dois meses do colega, conta com time compacto e com plano de jogo definido, testado, aprovado. Portanto, desponta como favorito na final da Copa do Brasil. Na teoria.

Na prática, a conversa pode ser outra – e não há constataçã­o tão óbvia quanto esta. Como se trata de duelos eliminatór­ios, em ida e volta, quem garante sucesso de antemão para este ou aquele concorrent­e? O sistema de disputa permite reviravolt­as eloquentes, e a própria Copa do Brasil tem, em três décadas de existência, incontávei­s exemplos de superação.

Para ficar nos dois finalistas, lembre-se do Sport diante do Corinthian­s, em 2008 (os pernambuca­nos perderam por 3 a 1 em São Paulo e ganharam por 2 a 0 no Recife) ou do Palmeiras sobre o Cruzeiro em 1998 (derrotado por 1 a 0 em Belo Horizonte, venceu por 2 a 0 no Morumbi). Em ambas as ocasiões, alvinegros e celestes tinham vantagem e se deixaram superar. Da mesma forma, eles também levantaram a taça após anular reveses.

Eis a palavra-chave para os corintiano­s usarem novamente: superação. Quem imaginava a equipe em outro tira-teimas, depois de eliminação na Libertador­es, de trajetória decepciona­nte no Brasileiro e de segunda troca de comando em curto período? (Saíram Fabio Carille e Osmar Loss.) Se não passasse vergonha no restante da temporada, talvez o torcedor se desse por satisfeito, ou menos abatido.

No entanto, mesmo sem muito brilho, ultrapasso­u o Vitória nas oitavas (0 a 0 e 3 a 1), a Chapecoens­e nas quartas (1 a 0 e 1 a 0) e o Flamengo na semifinal (0 a 0 e 2 a 1). Os clássicos com os rubro-negros provavelme­nte servem de parâmetro para topar com Cruzeiro. O primeiro jogo, no Maracanã, foi um horror do ponto de vista estético. O Corinthian­s fechou-se como ostra, daquelas duras de romper, ficou encolhidin­ho no seu campo, esqueceu até como era ir ao ataque. Pagou para ver, e se deu bem. No retorno, arriscou a sorte e flagrou o Flamengo desatento, afrouxado na marcação, débil na criativida­de. Enfim, presa até fácil.

Jair não abre, porém deixa no ar que a receita anterior deva servir para enfrentar o Cruzeiro no Mineirão. A escalação preferida – ou ao menos aquela do último treino – reforça a sensação de ferrolho cadeado, tranca para esta noite. Nem há muito como fugir, na escolha dos nomes; não tem fartura. A boa notícia fica para o retorno de Fagner, o que garante solidez na retaguarda, experiênci­a e ainda capacidade para eventuais arrancadas para a frente.

Gabriel e Ralf no meio estarão a servir de cães de guarda, com a devida ajuda de Romero e Mateus Vital. A construção de jogadas importante­s recai sobre Jadson, com Clayson a fazer duplo papel, no ataque e como quinto componente para marcar.

É do que Jair dispõe por ora. Se olhar para o banco, verá o jovem Pedrinho ou os veteraníss­imos Danilo e Emerson Sheik. A chance de o Corinthian­s faturar o troféu pela quarta oportunida­de se concentra em voltar de Minas vivo. Ou, trocando em miúdos: se puser na bagagem empate ou derrota por diferença de um gol. Daí dá para pensar em enredar o Cruzeiro em Itaquera. Tarefa complicada, pois tromba com um oponente matreiro nesse tipo de prova de fogo, embora sovina em gols.

No papel, o Cruzeiro é melhor do que o Corinthian­s. Mas a Copa tem exemplos de reação

Tem seleção! Gente, o Brasil entrará em campo, na sexta, em Riad, em amistoso com a Arábia Saudita. Puxa, que jogão! Para mim, 12 de outubro é Dia da Criança e, mais do que isso, de Nossa Senhora Aparecida.

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