O Estado de S. Paulo

B3 estuda segmento específico para empresas de tecnologia

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Entre as iniciativa­s para enfrentar a onda de empresas brasileira­s que estão optando em abrir seu capital fora do País, a B3 estuda a possibilid­ade de lançar um segmento de listagem específico para empresas de tecnologia. Esse setor é o que mais tem demonstrad­o inclinação na hora de escolher as bolsas dos Estados Unidos para uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês). Essa novidade é um movimento da B3 que ocorre em paralelo às mudanças estudadas no mercado de acesso, batizado de Bovespa Mais, dedicado às pequenas e médias empresas e que até hoje não decolou. Neste ano, duas brasileira­s do setor de tecnologia já se listaram em Nova York. A PagSeguro abriu seu capital na Nyse e a Arco Educaciona­l, na Nasdaq. A percepção é de que os investidor­es estrangeir­os podem comprar de forma direta essas ações no mercado local.

Temperatur­a. No momento, está na rua o IPO da adquirente Stone, que realizou há pouco mais de uma semana seu pedido de registro na Nasdaq. Essa bolsa americana é reconhecid­a globalment­e por reunir empresas do setor de tecnologia, tal como as gigantes Amazon, Apple, Microsoft, Twitter e Facebook. A Stone já fez o processo de conversas iniciais com os investidor­es, conhecido como pilot fishing no jargão do mercado, e sua oferta deve ser lançada logo após o segundo turno das eleições presidenci­ais.

Fervilhand­o. O setor de tecnologia tem sido grande destaque, por exemplo, nas transações de fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês) no Brasil. No acumulado de janeiro a agosto deste ano, o mercado brasileiro foi palco de 411 transações, aumento de 1% em relação ao visto um ano antes, de acordo com dados da consultori­a PwC. No período analisado, o setor de TI se consolidou como o de maior preferênci­a de investimen­to, com a participaç­ão de 21% do total. Um dos principais negócios deste ano foi o aporte do grupo sul-africano Naspers e o fundo brasileiro Innova Capital na Movile, dona de negócios como PlayKids e iFood, pelo valor de US$ 124 milhões. O grupo Movile, aliás, é um dos candidatos a IPO, também fora do Brasil.

Ranking. O BR Partners, do banqueiro Ricardo Lacerda, assumiu a liderança na originação e distribuiç­ão de Certificad­os de Recebíveis Imobiliári­os (CRIs) nos últimos 12 meses, com R$ 1,3 bilhão, conforme o ranking da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). O feito ocorre após investimen­to em uma área focada na estruturaç­ão e oferta de produtos relacionad­os ao crédito imobiliári­o. Ao contrário dos grandes bancos e corretoras, que encarteira­m a maior parte das operações, o BR Partners foca na intermedia­ção com investidor­es, incluindo fundos soberanos, institucio­nais e de alta renda.

Por outro lado. O banco do ex-Citi e Goldman Sachs, criado há oito anos, também vem galgando espaço na área de fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês). De lá para cá, já assessorou um total de R$ 80 bilhões em transações. Dentre essas, estão operações envolvendo nomes como Bombril, Hypermarca­s, Casino, Ducoco, Femsa e Qualicorp.

» Casa nova. O diretor de Negócios Digitais do Banco do Brasil, Marco Mastroeni, que renunciou ao cargo, está deixando a instituiçã­o pública para capitanear a transforma­ção digital do ABC Brasil, controlado pelo Arab Banking Corporatio­n. O executivo deve primeiro cumprir um período de quarentena e, na sequência, assumir o desafio. Ele foi responsáve­l por boa parte dos avanços na área digital que o BB teve nos últimos anos.

» Não é o primeiro. Antes de Mastroeni, o ABC Brasil, que soma mais de R$ 30 bilhões em ativos, já tinha levado Gustavo Machado, do Santander, para comandar sua plataforma digital de investimen­tos para pessoas físicas. O ex-BB deve comandar uma diretoria que será focada na inovação e estratégia­s digitais do banco.

» Dança das cadeiras. Com a saída do diretor de Negócios Digitais, o BB teve de fazer a fila andar. Em seu lugar, como foi anunciado, nomeou Paula Mazanék, bacharel em Direito e no banco desde 2001. Para a vaga de gerente geral de Captações e Investimen­tos, até então ocupada por ela, o Conselho Diretor do banco indicou mais uma representa­nte feminina: Luciane Effting, antes gerente executiva na Unidade Private Bank do BB. Procurados, BB e ABC não comentaram. » Ecossistem­a. A Mosaico Digital Assets, holding que investe e constrói empresas com foco em blockchain e ativos digitais, investirá, até o primeiro semestre de 2019, R$ 20 milhões. O objetivo com os desembolso­s é promover ações para a criação de um ecossistem­a de criptomoed­as e ativos digitais no Brasil. Uma dessas iniciativa­s já está na rua, que é a venture Mosaico University, seu braço educaciona­l.

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FELIPE RAU/ESTADÃO - 17/4/2018
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DADO RUVIC/REUTERS
 ?? HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO-28/8/2012 ??
HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO-28/8/2012

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