Feira de Frankfurt na defesa de direitos
Começa hoje o maior evento do setor que nesta edição, a 70ª, também aposta na diversidade e na igualdade
A Feira do Livro de Frankfurt, a maior do mundo no setor, que começa nesta quarta, 10, apostará este ano na diversidade e defesa dos direitos humanos, para os quais lançou uma campanha especial com o apoio da ONU. A conferência de imprensa de abertura foi marcada pelos dois temas, tanto na apresentação do presidente da Associação Alemã de Livreiros, Heinrich Riethmüller, e do diretor Fair Juergen Boos, como com a presença da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie como convidada especial.
Riethmüller começou referindo-se a uma conferência de Chimamanda de 2009, O perigo da história única, e afirmou que esse título aponta para um dos principais desafios da atualidade. “Ela nos mostra uma tática usada para discriminar os outros na qual tentam descrevê-los com uma única história ou em generalizações, como quando se diz que todos os africanos são pobres ou todos os muçulmanos são violentos”, afirmou Riethmüller. “Essas generalizações não ajudam a entender a realidade.”
Já a escritora falou que, apesar de ser conhecida por lutar pelos direitos das mulheres e contra a discriminação racial, não se considera uma ativista. “Venho da Nigéria, onde há ativistas reais que colocam suas vidas em perigo, mas sou escritora e conto histórias.” Mas admitiu que a verdade deve ser contada e se deve combater o que é injusto, embora tenha perdido a ilusão de que essa atitude é sempre recompensada.
“Como escritora, estou comprometida com a arte, como cidadã com a justiça”, disse ela. “Atualmente, existem muitas histórias que nem todos querem ouvir. As histórias das mulheres não são realmente conhecidas, não são vistas como universais.”