O Estado de S. Paulo

Major Olímpio declara apoio a Márcio França

Aliado de Bolsonaro, senador eleito com 9 milhões de votos afirma que escolheu o candidato do PSB ao governo paulista ‘por exclusão’

- Pedro Venceslau Marcelo Godoy

Candidato à reeleição pelo PSB, o governador Márcio França recebeu ontem o apoio do deputado federal Major Olímpio (PSL-SP), senador eleito com mais de 9 milhões de votos no domingo, e consolidou a relação com as principais lideranças da Polícia Militar do Estado.

O apoio foi anunciado no mesmo dia que o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, candidato derrotado do MDB ao Palácio dos Bandeirant­es, participou de um evento de campanha ao lado de França em uma unidade do Sesi em Suzano, na região metropolit­ana de São Paulo.

As duas adesões ocorrem no momento em que o ex-prefeito João Doria, candidato do PSDB, tenta se aproximar do eleitor do presidenci­ável Jair Bolsonaro (PSL) e colar no governador do PSB o selo de “esquerdist­a”.

Presidente do PSL paulista e um dos principais aliados de Bolsonaro em São Paulo, Olímpio disse ao Estado que seu apoio foi uma decisão pessoal e que os militantes do partido foram liberados.

“Eu não alimento meu carrasco. Não subo no palanque do PSDB. Por exclusão, vou votar em Márcio França”, afirmou o senador eleito.

Vice. O apoio de Olímpio reflete um movimento que ocorre nos bastidores da Polícia Militar, que reúne cerca de 85 mil integrante­s em São Paulo e foi usada como símbolo em uma eleição marcada pelo debate sobre a segurança pública.

“Para o funcionali­smo público, fica muito difícil apoiar o PSDB depois de 20 anos. Gosto do Doria, mas fazer campanha para ele é complicado. Fica difícil para mim”, disse o deputado estadual Coronel Telhada. Ex-tucano, ele está no PP, partido que integra a coligação de Doria na disputa estadual.

O Estado apurou que a maioria dos oficiais da Polícia Militar tem uma forte resistênci­a ao candidato do PSDB em razão de política salarial da categoria e o sucateamen­to apontado por entidades de classe das polícias civil e militar.

Para reforçar o discurso da segurança pública e os laços com a PM, França escolheu como vice a Coronel Eliane Nikoluk (PR), que tem participad­o com ele de eventos de campanha.

O governador do PSB também tem usado a presença da vice para rebater o discurso de Doria de que ele é aliado do PT em São Paulo. França voltou a dizer ontem que “prometeu” a Eliane Nikoluk que não iria com o PT no segundo turno.

Em Suzano, o governador se irritou quando questionad­o em quem votaria no segundo turno. “Você insiste nisso. Não vou votar no PT.”

Segundo Jonas Donizeti, prefeito de Campinas e presidente do PSB paulista, os militares encaram como uma “missão” eleger uma vice da corporação. “Ela vai nos ajudar muito com os eleitores do Bolsonaro”, afirmou o prefeito.

A campanha de França reconhece que boa parte da onda que o levou para o segundo turno foi formada pele voto útil de eleitores de esquerda, mas avalia que a ligação com o PT prejudicar­ia o candidato.

Foi por esse motivo que aliados do governador tentaram impedir que o PSB declarasse apoio formal ao presidenci­ável Fernando Haddad (PT) na reunião da executiva em Brasília anteontem. O partido, porém, fechou com o petista, mas liberou o diretório paulista. ‘Caráter’. Na agenda de ontem em Suzano ao lado de França, Skaf fez duras críticas a Doria. “Se alguém tem dúvida em relação ao caráter do João Doria, é só perguntar ao Alckmin”, disse o presidente da Fiesp. O emedebista se referiu à reunião da executiva do PSDB realizada anteontem em Brasília na qual o ex-governador e candidato derrotado ao Planalto criticou Doria.

Skaf também afirmou que o ex-prefeito “ganhou dinheiro com o PT” e disse que os prefeitos e deputados do MDB vão apoiar França.

Já o pessebista declarou que a fala de Alckmin na reunião tucana, na qual ele insinuou que Doria é “traidor”, aconteceu porque o ex-governador, que é seu aliado, se sentiu “humilhado”.

Durante agenda de campanha em um hospital em Vila Nova Cachoeirin­ha, Doria afirmou que Skaf “já vestiu a camisa vermelha do Márcio França”.

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NEWTON MENEZES/FUTURA PRESS - 7/10/2018 Primeiro turno. Major Olímpio ao votar no domingo passado, na zona norte de São Paulo

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