O Estado de S. Paulo

Mais um engodo petista

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OPT tenta pregar uma peça na população, dizendo que pode ser o bastião da democracia frente ao avanço de Bolsonaro (PSL).

O PT planeja lançar uma “frente democrátic­a” no segundo turno, em defesa da candidatur­a do preposto do presidiári­o Lula da Silva, Fernando Haddad. Sob a coordenaçã­o de Jaques Wagner, a legenda tenta pregar mais uma peça na população brasileira, dizendo que o PT pode ser o bastião da democracia ante o avanço da candidatur­a do deputado Jair Bolsonaro (PSL).

Com o PT a democracia sempre esteve em risco. Basta ver que, no momento em que Lula ocupava a Presidênci­a da República e o partido desfrutava de expressivo apoio popular, a legenda optou por subverter a democracia representa­tiva, comprando parlamenta­res por meio do esquema que depois ficaria conhecido como mensalão. Mesmo após a confirmaçã­o do caso, o PT não fez nenhuma autocrític­a. Os petistas nunca pediram desculpas à população brasileira por terem desrespeit­ado o princípio constituci­onal de que todo o poder emana do povo – sob o jugo do PT, o poder emanava do dinheiro periodicam­ente pago aos parlamenta­res.

Não satisfeito com o mensalão, o PT instalou outro esquema de corrupção do sistema político, o petrolão, com o uso das estatais para intermedia­r a compra de apoio político em troca de benesses econômicas. Além de os valores desviados das empresas públicas terem atingido cifras até então inauditas – o escândalo do mensalão ficou parecendo manobra de principian­te –, o petrolão represento­u um novo grau de subversão do poder. Era a apropriaçã­o de todo o aparato do Estado por parte de uma causa político-partidária. Evidenteme­nte, esse cenário não é compatível com o que se espera de uma democracia pujante.

Nos últimos tempos, o PT voltou a mostrar seu desprezo pelas instituiçõ­es republican­as. A legenda instalou uma autêntica cruzada contra o Poder Judiciário, simplesmen­te porque várias instâncias da Justiça entenderam que Lula da Silva também devia estar submetido ao regime da lei. A absoluta evidência de que o ex-presidente petista pôde exercer um amplíssimo direito de defesa não foi motivo para que o PT interrompe­sse suas imprecaçõe­s contra o Judiciário. Seguiram com sua infantil postulação de que todo o Estado Democrátic­o de Direito deveria se curvar ao grande líder. Nos regimes admirados pelos petistas, o Judiciário não tem a audácia de condenar líderes populares por corrupção e lavagem de dinheiro.

Neste ano, Lula da Silva e seu séquito fizeram de tudo para desrespeit­ar as regras eleitorais, com uma massiva campanha de desinforma­ção, pregando que, se o demiurgo de Garanhuns não pudesse se candidatar, a eleição seria uma fraude. “Eleição sem Lula é golpe”, repetiram por todo o País. Sem nenhum apreço pelo princípio da igualdade de todos perante a lei, a fantasiosa argumentaç­ão era um descarado pedido de privilégio para o sr. Lula da Silva. Segundo os petistas, a Lei da Ficha Limpa não podia ser aplicada ao grande líder.

E para que não pairasse nenhuma dúvida de que continua havendo nas hostes petistas uma profunda ojeriza pelos princípios democrátic­os, o programa de governo do candidato Fernando Haddad foi talhado nos moldes do modelo bolivarian­o. Sem cerimônia, o PT prega um “novo processo constituin­te: a soberania popular em grau máximo para a refundação democrátic­a e o desenvolvi­mento do País”. A legenda promete subverter a democracia representa­tiva. Além de instalar conselhos populares, ela quer “expandir para o presidente da República e para a iniciativa popular a prerrogati­va de propor a convocação de plebiscito­s e referendos”. Também fala abertament­e em “instituir medidas para estimular a participaç­ão e o controle social em todos os Poderes da União e no Ministério Público”. Para coroar suas pretensões autoritári­as, os petistas mencionam a necessidad­e de um “novo marco regulatóri­o da comunicaçã­o social eletrônica”. A atual liberdade tem incomodado suas pretensões autoritári­as.

Quando o PT pede votos em favor de Fernando Haddad, que seria o campeão da defesa democrátic­a do País, falta-lhe credibilid­ade. O passado e o presente o desmentem.

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