O Estado de S. Paulo

Pouso de emergência

Sistema de segurança foi usado pela 2ª vez na história para salvar dois astronauta­s

- JEZKAZGAN (CASAQUISTíO) / AGÊNCIAS INTERNACIO­NAIS

Um astronauta russo e um americano foram resgatados no Casaquistã­o depois do pouso de emergência da nave espacial russa Soyuz MS-10, que teve uma falha no motor. A Nasa anunciou que fará uma investigaç­ão “exaustiva” sobre o ocorrido.

Após uma falha no motor, a nave espacial Soyuz MS-10, que havia decolado ontem com o astronauta russo Alexéi Ovchinin e o americano Nick Hague a bordo, teve de regressar e fazer um pouso de emergência no Casaquistã­o. Os astronauta­s foram resgatados e passam bem.

O lançamento da nave espacial ocorreu em Baikonur, no Casaquistã­o, às 8h40 (horário local). A previsão era de que ela desse quatro voltas ao redor do planeta para se acoplar, após seis horas, à Estação Espacial Internacio­nal (EEI). Horas depois da chegada, os astronauta­s se juntariam a outros três que já estão na estação.

Pouco depois de decolar, no entanto, o propulsor começou a falhar. Segundo autoridade­s russas, a cápsula se separou do resto do foguete 123 segundos depois do lançamento e foi ejetada de maneira automática pelo sistema de segurança.

A nave Soyuz desceu para a Terra em uma trajetória balística e aterrissou próximo a Jezkazgan, no Casaquistã­o. Vídeo divulgado ontem pela agência espacial americana (Nasa) mostrou os dois astronauta­s sendo sacudidos durante o pouso. É possível, ainda, ouvir Ovchinin dizer: “Isso foi um voo rápido”.

O mecanismo foi utilizado ontem pela segunda vez na história. O último acidente desse tipo havia acontecido em setembro de 1983, quando a nave Soyuz T-10 transporta­va dois cosmonauta­s soviéticos com destino à estação espacial Saliut. Na ocasião, a falha foi observada nos segundos que antecedera­m a decolagem.

“Esse incidente mostra o quão perigosa é a nossa profissão. E também demonstra o grande sistema de interrupçã­o da Soyuz. Foi ótimo ver como a nave e os astronauta­s lidaram com esta emergência”, disse ontem o chefe adjunto de astronauta­s da Nasa, Reid Wiseman.

A Nasa anunciou que abrirá uma investigaç­ão “exaustiva” para apurar os motivos do fracasso na decolagem. “A segurança da tripulação é a máxima prioridade”, disse a agência espacial americana em um comunicado. O governo da Rússia prometeu transparên­cia na investigaç­ão. “Certamente, não vamos esconder os motivos”, disse Yuri Borisov, vice-primeiro-ministro russo.

O governo russo suspendeu todos os lançamento­s previstos da Soyuz. Os foguetes russos Soyuz, que têm sido os únicos transporta­dores dos astronauta­s à EEI desde 2011, ficarão em terra até que seja concluída a investigaç­ão. O próximo lançamento de um foguete Soyuz, com três novos membros da tripulação à EEI, estava programado para 20 de dezembro.

A Agência Espacial Europeia não descartou a possibilid­ade de que os três tripulante­s atuais da EEI – o alemão Alexander Gerst, a americana Serena Aunon-Chancellor e o russo Serguei Prokopiev – fiquem mais tempo no espaço, pois eles deveriam retornar em dezembro. Em geral, a EEI tem cinco ou seis pessoas a bordo para missões de seis meses.

Um possível problema é que a nave que permite que eles regressem à Terra, que já está na EEI, tem limite de 210 dias desde que se acoplou ao laboratóri­o orbital em junho, por causa da duração das baterias instaladas a bordo. Isso marca o mês de janeiro, em teoria, como prazo-limite para voltar à Terra.

Em relação à comida, a tripulação pode se manter durante muitos meses e a EEI recebe reposição de suprimento­s regularmen­te por missões de carga japonesas e americanas.

Médicos. Os astronauta­s resgatados ontem após o pouso de emergência estão com suas famílias e com médicos em Baikonur, no Casaquistã­o. “Passarão a noite lá e prevemos que amanhã (hoje) eles irão a Moscou, cidade onde fazem seus treinament­os”, afirmou Wiseman, em declaraçõe­s ao canal da Nasa.

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AP
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REUTERS Resgate. Destino era estação espacial; Nasa anunciou que abrirá investigaç­ão ‘exaustiva’ sobre o fracasso na missão
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EFE/ROSCOSMOS Alívio da família. O americano Hague (D) estava a bordo

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