O Estado de S. Paulo

Bolsonaro pede que aliados evitem falar com imprensa

Presidenci­ável do PSL se encontra com partidário­s e parlamenta­res eleitos pela legenda; coletiva tem clima tenso e vaias a jornalista­s

- Fernanda Nunes Vinicius Neder Constança Rezende / RIO

A imprensa esteve ontem no foco do candidato à Presidênci­a pelo PSL, Jair Bolsonaro. Ainda pela manhã, no Twitter, o presidenci­ável divulgou um texto sob o título “Imprensa Lixo!”, no qual comentou o assassinat­o do mestre de capoeira Romualdo Rosário da Costa após uma discussão sobre política, na Bahia. À tarde, num hotel do Rio, pediu aos aliados para que não falem com a imprensa que, em sua opinião, “é toda de esquerda” e “quer arranjar um meio” de desgastá-lo.

Durante entrevista coletiva, a primeira desde o resultado do primeiro turno das eleições, Bolsonaro ainda garantiu que vai defender a liberdade de imprensa e que seu plano não inclui o controle social da mídia. “Pessoal da imprensa, porque não dizer amigos, queremos que vocês sejam realmente independen­tes e tenham responsabi­lidade em tudo aquilo que escrevem.” Apesar da afirmação, alguns repórteres foram vaiados e hostilizad­os por partidário­s de Bolsonaro.

Twitter.

No texto postado no Twitter, Bolsonaro sugeriu que os jornais tentam prejudicá-lo ao afirmar que o assassino do mestre de capoeira é um eleitor seu. Bolsonaro escreveu que “o assassino não é um eleitor” e que “o crime não teve nada a ver com política”. Costa foi assassinad­o na madrugada da segunda-feira, num bar de Salvador (BA), após se posicionar contra o candidato do PSL. O assassino, Paulo Sérgio Ferreira de Santana, deixou o bar e voltou com uma faca para matar o mestre de capoeira com 12 golpes.

Na coletiva de imprensa, o presidenci­ável retomou o tema e afirmou que o seu partido não pode “admitir crime nenhum”. “Se foi uma pessoa que votou em mim, dispensamo­s esse tipo de voto. Quem quer que seja, cometeu um crime, tem de pagar.”

Por cerca de 15 minutos, Bolsonaro falou abertament­e à imprensa sobre temas do seu interesse. Em seguida, permitiu que jornalista­s fizessem algumas perguntas. A primeira inscrita, uma repórter da Folha de S. Paulo, foi vaiada por apoiadores de Bolsonaro, que cercaram os jornalista­s durante a coletiva. Foi preciso que o presidente do PSL, Gustavo Bebianno, pedisse respeito à democracia para que permitisse­m que a repórter fizesse sua pergunta.

‘Cuidado’.

Pouco antes, no mesmo hotel, onde se encontrou com partidário­s e aliados, Bolsonaro já havia recomendad­o que não falassem com a imprensa. Ele se dirigiu em especial aos parlamenta­res eleitos, que, em sua opinião, devem ter “muito cuidado para lidar com a mídia”.

“Eles não querem fazer uma matéria isenta, dizendo algo que você sonha. Ele (o repórter) quer arranjar uma maneira de pegar uma frase sua, uma escorregad­a, para me atacar”, afirmou. O discurso foi transmito no Facebook.

Ele ainda falou que a divulgação de notícias falsas nas redes sociais é uma caracterís­tica própria do PT e acusou os adversário­s petistas pelo atentado sofrido em setembro. Bolsonaro foi atacado pelo pedreiro Adelio Bispo de Oliveira.

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WILTON JUNIOR/ESTADÃO Chapéu. O candidato Jair Bolsonaro em encontro com parlamenta­res eleitos pelo PSL

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