O Estado de S. Paulo

Haddad tenta atrair Barbosa e Josué

Presidenci­ável do PT esteve com ex-ministro do Supremo e elogiou perfil do empresário

- Ricardo Galhardo

O candidato do PT à Presidênci­a, Fernando Haddad, esteve anteontem com o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa, algoz de petistas envolvidos no escândalo do mensalão. O encontro ocorreu no apartament­o do ex-ministro, em Brasília. Haddad estava sozinho.

Segundo fontes do PT, o presidenci­ável fez um convite a Barbosa para participar de sua campanha eleitoral apresentan­do propostas, sobretudo na área de organizaçã­o do Estado, e não se falou em participaç­ão em um eventual governo petista. Também anteontem o PSB, partido ao qual o ex-ministro é filiado, havia anunciado apoio formal à candidatur­a do PT.

A visita gerou uma onda de especulaçõ­es sobre a possibilid­ade de Barbosa ser convidado para assumir o Ministério da Justiça. Horas antes da visita, o senador eleito pela Bahia Jaques Wagner, recém-integrado ao núcleo duro da coordenaçã­o da campanha de Haddad, disse que o PT pode anunciar nomes de um eventual ministério para acalmar o eleitorado, entre eles o da Justiça. “Pode ser que ele anuncie um, dois, três nomes, na Educação, Fazenda, Justiça. (...) Na Educação, pode ser que anuncie uma sumidade da Educação”, afirmou Wagner.

Relator no STF do processo do mensalão, Barbosa, que chegou a ensaiar uma candidatur­a presidenci­al pelo PSB, foi algoz de petistas como José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares, que cumpriram pena de prisão por envolvimen­to no esquema.

Integrante­s da cúpula petistas avaliam que a presença de Barbosa na campanha poderia reduzir o impacto do antipetism­o sobre a candidatur­a de Haddad e sinalizar para uma parcela importante do eleitorado que a Lava Jato e a autonomia dos órgãos de combate à corrupção estariam garantidos sob o comando do ex-ministro do STF. Estes petistas admitem, porém, que a possibilid­ade de um convite a Barbosa para o ministério é, por enquanto, só especulaçã­o.

Ontem, Hadad foi questionad­o sobre a possibilid­ade de o empresário Josué Gomes da Silva,

filho do ex-vice-presidente José Alencar, ser convidado para ocupar o Ministério da Fazenda caso seja eleito. O candidato respondeu que Josué “tem todas as

condições, perfil e sensibilid­ade social” para o cargo e repetiu que não quer um banqueiro como Paulo Guedes, o guru do candidato Jair Bolsonaro (PSL), no comando da economia.

Emissários do PT procuraram Josué em busca de apoio para a candidatur­a de Haddad. O objetivo é dar um caráter de frente supraparti­dária em defesa da democracia e contra o “risco” Bolsonaro à candidatur­a do PT. Empresário­s, artistas, advogados e políticos de partidos adversário­s como o PSDB e o MDB têm sido procurados por emissários do petista.

Missa.

Hoje, no horário eleitoral do rádio, Haddad vai desmentir os boatos espalhados principalm­ente entre o público evangélico na reta final do primeiro turno sobre ter distribuíd­o o chamado “kit gay” quando foi ministro da Educação. Na propaganda, o candidato desmente o boato e lembra que é “professor e neto de um líder religioso”. De manhã, Haddad vai a uma missa em homenagem a Nossa Senhora Aparecida, em São Paulo.

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DIDA SAMPAIO/ESTADAO Equipe. Haddad em entrevista; aliados avaliam que Barbosa reduziria impacto do antipetism­o

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