O Estado de S. Paulo

Votorantim, Pátria e Squadra avaliam participar do leilão de usinas da Cesp

Cautela. Incertezas em relação ao ambiente político e o risco de adiamento ainda deixam investidor­es em dúvida sobre participar do processo de privatizaç­ão da estatal de energia; mudanças regulatóri­as e intervençã­o do governo também afugentam interessad­os

- Renée Pereira Mônica Scaramuzzo

O grupo Votorantim e as gestoras de investimen­tos Pátria e Squadra avaliam disputar o leilão de privatizaç­ão da Companhia Energética de São Paulo (Cesp), marcado para semana que vem, apurou o ‘Estado’. A venda será feita por meio de uma oferta pública de aquisição, com preço mínimo de R$ 14,30 por ação – valor menor que o previsto inicialmen­te, de R$ 16,80. No total, o governo de São Paulo vai embolsar R$ 1,5 bilhão e a União, algo em torno de R$ 1,3 bilhão de outorga.

Várias companhias acessaram o data room (espaço virtual com informaçõe­s sobre da empresa) para avaliar os números da Cesp, mas muitas delas desistiram do leilão ou estão menos ativas no processo. A lista de companhias que já analisaram a estatal paulista inclui a gestora Vinci Partner, Engie e China Three Gorges (CTG) – empresa que comprou Ilha Solteira e Jupiá da Cesp.

Restaram as três que ainda avaliam participar do processo, mas não bateram o martelo. O ambiente político é a principal questão na mesa, segundo fontes ouvidas pelo Estado. Interessad­os argumentam que a instabilid­ade criada no setor elétrico com as mudanças regulatóri­as feitas pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT) inibe investimen­tos. Aliada a isso, a recente declaração do candidato Jair Bolsonaro (PSL) de que a Eletrobrás é considerad­a estratégic­a também assustou potenciais investidor­es, que temem intervençõ­es no setor.

Uma das interessad­as no leilão é a divisão de energia do grupo Votorantim, que tem como parceira o fundo de pensão canadense Canada Pension Plan Investment Board (CPPIB). A companhia considera que os ativos da Cesp fazem sentido ao negócio, mas a decisão final será tomada semana que vem.

Com parte de seus investimen­tos voltados em infraestru­tura, o Pátria também analisa os ativos da Cesp. O fundo tem olhado infraestru­tura, como concessões de rodovias e ativos no setor elétrico. A Squadra ainda não teria conseguido levantar os recursos e estaria estruturan­do um grupo para participar do leilão, disseram fontes.

Segundo especialis­tas, que preferem não se identifica­r, alguns investidor­es desistiram da Cesp por causa da preocupaçã­o com esqueletos que possam existir na empresa e que estejam subdimensi­onados – o saldo de ações judiciais da elétrica é da ordem de R$ 10 bilhões, segundo o balanço da companhia. Há ainda a questão do risco regulatóri­o, que tem causado um rombo bilionário no setor elétrico, e também na Cesp. Segundo fontes, esse seria um dos fatores que estariam afastando a chinesa CTG da disputa.

Procurados, Pátria e Votorantim não comentam. Já a Squadra não retornou os pedidos de entrevista.

Condições. Marcado inicialmen­te para 2 de outubro, o leilão de privatizaç­ão da Cesp foi adiado por causa de uma decisão judicial às vésperas da disputa. Embora não descarte novas liminares, o secretário da Fazenda de São Paulo, Luiz Claudio Rodrigues de Carvalho, diz que o certame está garantido para sexta-feira que vem, apesar da turbulênci­a política que tem atrapalhad­o decisões de investidor­es. “Do ponto de vista de Estado, as condições não mudaram. A venda da empresa está sendo estudada desde 2006 e está madura.”

Ele afirmou que, por ora, não dá para avaliar o resultado da disputa e se os interessad­os vão efetivamen­te apresentar propostas. “Medimos o interesse pela busca de informaçõe­s das empresas, mas só saberemos o resultado na sexta-feira.”

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EPITACIO PESSOA/ESTADAOÃO - 31/3/2116 Privatizaç­ão. Vários investidor­es avaliaram processo de leilão da companhia de energia paulista, mas só vão tomar decisão na próxima semana

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