O Estado de S. Paulo

Criador de ‘Mad Men’ volta com ‘Os Romanoffs’

Nova série de Matthew Weiner foca em pessoas que se dizem descendent­es da família real russa morta em 1917

- Mariane Morisawa ESPECIAL PARA O ESTADO / LONDRES

O que fazer depois de uma projeto como Mad Men, aclamado pelo público e crítica e vencedor de um monte de prêmios, incluindo quatro Emmys de melhor drama? Foi um desafio que Matthew Weiner, criador da série sobre o mundo da publicidad­e nos anos 1960, teve de enfrentar. “Há muita televisão sendo produzida”, disse o escritor e produtor em entrevista em Londres. “Quando terminei Mad Men, comecei a pôr as séries em dia. Queria fazer uma série que fosse preciso acompanhar, que seria diferente toda semana.” Assim nasceu o formato de The Romanoffs. À exceção dos dois primeiros episódios, disponívei­s no streaming a partir de hoje na Amazon Prime Video, os outros seis capítulos vão entrar no serviço semanalmen­te. Cada um tem duração de longa, nos moldes de Black Mirror.

Os Romanoffs, claro, são a família real russa, deposta e assassinad­a pela Revolução Comunista de 1917. “Sempre tive um fascínio por eles”, explicou Weiner, cuja família escapou do país na mesma data, mas não era aristocrat­a. “Eles eram poderosos e ricos e tiveram um fim violento.” Cada episódio foca em pessoas que se dizem descendent­es dos Romanoffs, em um país diferente e com elenco diferente – entre os atores estão Isabelle Huppert, Aaron Eckhart, Christina Hendricks e John Slattery. “Queria fazer uma série pelo mundo todo, que fosse sobre conexões. É genético? Cultural? Criação? E explorar quem dizemos que somos versus quem realmente somos”, disse Weiner. Ele acha que é uma questão intrigante nos dias de hoje e cita como exemplo a obsessão dos americanos por investigaç­ões do passado genético. “Eu fiz e foi chato, deu uma só cor, nada de diversidad­e. A inseguranç­a faz com que procuremos nossas raízes.” Para combater o tribalismo, que facilmente resvala no nacionalis­mo, ele queria que a série fosse global e internacio­nal. “O mundo está tão dividido, e estamos tão isolados”, afirmou. No primeiro episódio, The Violet Hour, a personagem Hajar (Inès Melab), muçulmana e não branca, é constantem­ente indagada sobre suas origens. “E ela é a mais francesa de todos os personagen­s”, contou Weiner.

Temeroso de revelar demais, ele afirma que não há nada que ligue os personagen­s a não ser os Romanoffs. “Mas, quanto mais você assistir, mais vai ver o que os une. Há coisas escondidas que conectam os episódios, mas eles podem ser vistos em qualquer ordem.”

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APPLE Aristocrat­as. Cada episódio se passa em um país diferente

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