Feriado de campanha
Petista vai a missa e liga Bolsonaro ao que chama de ‘fundamentalismo charlatão’; Universal trata fala como ‘criminosa’
Personagem da campanha presidencial de 2002, quando declarou ter “medo” de uma vitória do PT, a atriz Regina Duarte visitou Jair Bolsonaro, ontem, na casa do candidato no Rio. Em São Paulo, Haddad foi a uma missa e, abordado por uma mulher que o chamou que “abortista”, retrucou: “Eu sou neto de um líder religioso. Você deve ser ateia”.
O candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, participou ontem de uma missa no Jardim Ângela, tradicional reduto petista na zona sul de São Paulo, na qual voltou a criticar seu adversário no segundo turno das eleições, Jair Bolsonaro, do PSL, e o líder da Igreja Universal do Reino de Deus, Edir Macedo, que declarou apoio ao capitão reformado do Exército.
“Bolsonaro é o casamento do neoliberalismo desalmado representado pelo Paulo Guedes, que corta diretos trabalhistas e sociais, com o fundamentalismo charlatão do Edir Macedo”, afirmou Haddad. Questionado sobre os ataques de Bolsonaro acusando a criação de um “kit gay” para ser distribuído nas escolas, Haddad retrucou: “É um grandessíssimo mentiroso. Porque ele não me enfrenta e pergunta isso num debate? É uma mentira deslavada de quem não tem projeto para o País, a não ser armar as pessoas para que elas se matem”.
Empenhado em fazer um aceno ao eleitorado religioso, Haddad já havia participado na quinta-feira de um encontro com a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Durante a missa desta manhã, no entanto, o petista foi abordado por uma fiel que disse que ele não poderia ter participado da comunhão por ser “um abortista”. “Eu sou neto de um líder religioso”, respondeu o candidato e emendou: “Você deve ser ateia”.
Ao conversar com jornalistas, a mulher não quis se identificar e disse que a presença de Haddad no local era um sacrilégio. “A Igreja Católica não permite. Ele é um abortista, não tinha que estar aqui dentro”, afirmou. Durante a missa e após a cerimônia, a mulher fez filmagens, transmissões ao vivo pelo celular para uma rede social e disse que iria “denunciar” o ato.
Haddad fez um discurso em frente à igreja pedindo apoio dos fiéis. “Nunca deixei de olhar todo mundo. Todo mundo é igual, ninguém é melhor do que ninguém”, discursou.
Resposta. Em nota, a igreja de Edir Macedo afirmou que “com sua fala criminosa, o ex-prefeito de São Paulo desrespeita não apenas os mais de 7 milhões de adeptos da Universal apenas no Brasil, mas todos os brasileiros católicos e evangélicos que não querem a volta ao poder de um partido político que tem como projeto a destruição dos valores cristãos”. “Quando o bispo Edir Macedo apoiou o Partido dos Trabalhadores (PT) e o ex-presidente Lula, o apoio era muito bem-vindo. Agora, quando o líder espiritual da Universal declara que seu candidato é Jair Bolsonaro, o bispo Macedo deve ser ofendido de forma leviana?”