O Estado de S. Paulo

Câmbio inspira cautela com ações de empresas exportador­as

- Renato Carvalho

Enquanto as estatais estão “no olho do furacão” em meio as eleições presidenci­ais, os analistas traçam cenários para as empresas exportador­as, afetadas, principalm­ente, pela variação do câmbio. E segundo os profission­ais, a volatilida­de recente leva a uma postura mais cautelosa em relação às empresas deste segmento.

Para Felipe Silveira, analista da Coinvalore­s, a tendência é de depreciaçã­o do dólar no futuro próximo, já que a divisa está “cara” mesmo em relação a outras moedas que não o real. “Como as nossas top picks deixam claro, nossas recomendaç­ões estão muito mais voltadas para o mercado interno”. A carteira da corretora não foi alterada essa semana, e tem Azul PN, Gerdau PN, Magazine Luiza ON, Rumo ON e Trisul ON.

Essa tendência aparece também na carteira da Guide Investimen­tos, que retirou Weg ON e Suzano ON das recomendaç­ões e optou pelo ingresso de B3 ON e Sabesp ON. Ainda compõem a carteira da corretora Cemig PN, IRB Brasil Re ON e Itaú Unibanco PN.

Ricardo Peretti, estrategis­ta de Pessoa Física da Santander Corretora, projeta o dólar a R$ 3,80 ao final deste ano, patamar muito próximo do atual. “Em uma visão de curto prazo, e consideran­do que a cotação atual do dólar já é próxima à nossa projeção, esperamos que os investidor­es reduzam suas compras em ações dolarizada­s, cujo desempenho foi favorecido pela disparada da moeda estrangeir­a entre agosto e setembro”, diz o profission­al.

“Vale lembrar que, no caso dessas empresas, a taxa de câmbio é monitorada devido a um grande conjunto de decisões: seguro de exportaçõe­s, frete, custo de produtos (sobretudo químicos), máquinas e peças importadas, etc. Neste cenário eleitoral, o efeito do câmbio nos negócios é incondicio­nal”, diz Alexandre Faturi, analista da Nova Futura.

Vitor Suzaki, analista da Lerosa Investimen­tos, tem visão diferente de seus colegas, e aponta principalm­ente os bons fundamento­s de empresas como Suzano e Vale, inclusive o bom momento dos preços globais de papel e celulose, e no caso da mineradora, forte geração de caixa e alavancage­m sob controle. “No caso de Embraer e Braskem, temos um cenário de perspectiv­a novamente binária, com o candidato Fernando Haddad (PT) comentando da possibilid­ade de interrupçã­o dos processos em andamento de transferên­cia de controle”, diz Suzaki.

A Nova Futura renovou totalmente sua carteira, com a entrada de AES Tietê Unit, Sabesp ON, Sanepar PN, Suzano ON e Vale ON. Saíram BRF ON, CVC ON, Petrobrás PN, Usiminas PNA e Ultrapar ON.

Já a Magliano trocou Cemig PN e Klabin Unit por Cemig ON e Pão de Açúcar PN. No caso da estatal mineira de energia, a troca da ação PN por ON se justifica pela configuraç­ão das eleições para o governo de Minas Gerais, com o segundo turno disputado por dois candidatos que aumentam as chances de privatizaç­ão da companhia.

Sobre Pão de Açúcar, a Magliano lembra que a ação acumula queda de mais de 7% em outubro, período no qual o Ibovespa subiu 5,5%. Com isso, o patamar do múltiplo do papel está atraente, na visão da corretora. “Empresa deve se beneficiar da retomada do consumo de produtos básicos após o resultado das eleições e principalm­ente em 2019”, diz a Magliano.

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