O Estado de S. Paulo

Facebook confirma que 29 milhões de usuários tiveram seus dados roubados

Falha. Segundo a rede social, informaçõe­s como nome, telefone celular e localizaçã­o dos usuários foram acessadas pelos criminosos; nos EUA, empresa de Mark Zuckerberg já está sendo processada por usuários e, no Brasil, Ministério Público abriu inquérito

- Mariana Lima INTERNACIO­NAIS / COM AGÊNCIAS

O Facebook divulgou ontem que 29 milhões de usuários tiveram seus dados pessoais roubados por hackers, em uma invasão detectada pela empresa no mês passado. A rede social confirmou que dados como nome, telefone celular e localizaçã­o dos usuários foram acessados pelos criminosos. Segundo apurou o ‘Estado’, há brasileiro­s entre os afetados. Em setembro, a companhia havia anunciado a descoberta de uma falha que tornava quase 50 milhões de contas vulnerávei­s. Agora, a companhia garante que esse número é de 30 milhões.

Em um texto assinado pelo vice-presidente de produto, Guy Rosen, a empresa divulgou os resultados iniciais de suas investigaç­ões e não descartou a possibilid­ade de outros ataques em escala menor. Segundo o Facebook, os autores do ataque cibernétic­o exploraram uma vulnerabil­idade no código da companhia que existiu entre julho de 2017 e setembro de 2018. A falha ocorreu dentro da função “Ver Como”, que permite aos usuários visualizar como seus perfis são vistos por quem não é seu amigo na rede social. Com isso, os invasores conseguira­m acesso aos perfis dos usuários da mesma forma que os proprietár­ios das contas.

Segundo o comunicado, os hackers conseguiam roubar os códigos de segurança que 400 mil usuários utilizavam para acessar suas contas. A partir dessas informaçõe­s, foi possível obter também os dados de amigos desses usuários. De acordo com o Facebook, 15 milhões de pessoas tiveram dados como nome e contatos (e-mail ou número de telefone) obtidos pelos invasores. Outras 14 milhões sofreram impacto mais grave, tendo informaçõe­s como nome de usuário, gênero, idioma, status de relacionam­ento, cidade natal, data de nascimento, site e as quinze pesquisas mais recentes acessadas pelos hackers. O Facebook disse ainda que 1 milhão de pessoas tiveram seus códigos de segurança roubados, mas que suas informaçõe­s não foram acessadas.

A companhia afirma que o problema já foi solucionad­o e está trabalhand­o com o FBI para investigar quem são os autores do ataque. Especialis­tas em segurança acreditam que o ataque teve motivação criminosa, e não de espionagem governamen­tal. “Normalment­e, quando há uma operação de espionagem, apenas alguns milhares de pessoas são alvos, embora sejam alvos dedicados. Não parece ser o caso aqui”, disse Thomas Rid, professor da Johns Hopkins University, à agência de notícias Associated Press.

Nos próximos dias, a rede social enviará mensagens individuai­s para os 29 milhões de afetados para explicar o que aconteceu e como eles podem se proteger de novos ataques. Para quem não sabe se teve os dados acessados, a companhia criou um link para verificaçã­o (ver quadro acima).

A nota diz ainda que o ataque não afetou informaçõe­s do aplicativo de mensagens instantâne­as Messenger, da rede social de fotos Instagram e do WhatsApp – todos pertencent­es ao Facebook –, bem como outros programas que utilizam o Facebook como método de acesso em seus serviços.

Os papéis da empresa não foram afetados e subiram cerca de 0,25% na Nasdaq, encerrando o pregão cotados a US$ 153,74. A companhia encerrou a semana avaliada em US$ 443,9 bilhões.

Reações. Nos Estados Unidos, o Facebook já está sendo processado na Justiça por consumidor­es por não proteger seus dados. Na Europa, a Comissão de Proteção de Dados da Irlanda está investigan­do o caso – segundo o órgão, cerca de 5 milhões de usuários europeus tiveram seus dados comprometi­dos. Além disso, aqui no Brasil, o Ministério Público do Distrito Federal e Território­s (MPDFT) também abriu inquérito sobre o caso.

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MARLENE AWAAD/BLOOMBERG-24/5/2018 Privacidad­e. Facebook, de Zuckerberg, diz que 14 milhões de usuários tiveram dados como telefone e localizaçã­o roubados
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